Publicidade
Categories: Sem categoria

Zyka voa nas asas da incompetência

Publicidade

Quando o ministro da Saúde de um país reconhece a ocorrência de alguma epidemia, como fez agora Marcelo Castro sobre a microcefalia e o vírus zyka, ele deve anunciar, obrigatoriamente, as intervenções biomédicas e o financiamento de pesquisas para controlar a doença que grassa entre a população. Deve agilizar o controle e o combate imediato à doença, e não somente estimular mudanças de comportamento entre a população.

 

Na terra brasilis o Ministério da Saúde convoca a população a não deixar água parada; a denunciar focos de dengue através de aplicativos de celular (como em Niterói); barateia o custo do repelente, mas dispõe de poucos mata-mosquitos em trabalho de campo. Apenas 10,9 milhões dos 49 milhões de domicílios do país foram visitados para o controle do mosquito. O ministro, que inicialmente dissera que o governo visitaria a todos até este domingo, 31/01, não cumpriu a meta e adiou o prazo para 29 de fevereiro.

 

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que o zyka poderá atingir 1,5 milhão de pessoas no Brasil, em um ano enquanto a presidente Dilma pede ajuda de líderes religiosos e empresariais para combater o mosquito aedes aegpty. A médica Adriana Melo que descobriu a relação do zyka com a microcefalia estudando os casos no setor de medicina fetal em uma maternidade pública de Campina Grande (Paraíba), assim como a Fundação Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro, não contam com todos os recursos necessários para prosseguir suas pesquisas.

 

A presidente Dilma apela, então, a Barack Obama para os Estados Unidos “aprofundarem (com o Brasil) a cooperação bilateral na área de saúde, para o combate e o desenvolvimento de uma vacina contra o vírus”. Bilateral, no caso, quer dizer: nós entramos com o mosquito e os americanos com o antídoto e os dólares se não quiserem ver a epidemia chegar à terra do Tio Sam.

 

Se fosse para combater mesmo o zyka, que, segundo os obstetras, já provoca um aumento considerável de abortos espontâneos e — não se pode medir o que é pior — o nascimento de mais de três mil bebês microcéfalos, o Ministério da Saúde deveria ter traçada uma estratégia para a abordagem de novos desenvolvimentos científicos na resposta aos vírus transmitidos pelo mosquito. A pesquisa deveria ser amplamente incentivada e difundida entre profissionais de saúde, pesquisadores e o conjunto de pessoas envolvidas no trabalho para reduzir novas infecções; aumentar o acesso ao tratamento e atingir uma resposta nacional mais coordenada. Isto se aqui não vivêssemos na terra do ‘salve-se quem puder’.

Gilson Monteiro

Iniciou em A Tribuna, dirigiu a sucursal dos Diários Associados no Estado do Rio, atuou no jornal e na rádio Fluminense; e durante 22 anos assinou uma coluna no Globo Niterói. Segue seu trabalho agora na Coluna Niterói de Verdade, contando com a colaboração de um grupo de profissionais de imprensa que amam e defendem a cidade em que vivem.

Recent Posts

Caos na saúde infantil: Getulinho manda crianças buscarem socorro em SG

Prefeitura de Niterói já entregou, este ano, R$ 58 milhões para OS fazer a gestão…

16 horas ago

Cientista niteroiense tem brilhante carreira reconhecida internacionalmente

Renato Cotta toma posse no MAE Alumni Hall of Fame da North Carolina State  University…

3 dias ago

Desembargador niteroiense desafoga o TJ com mediações amigáveis

Desembargador César Cury defende a mediação como a melhor solução para a resolução de conflitos Só este…

4 dias ago

Dicas para os cariocas aproveitarem o feriadão do G20 em Niterói

Do pátio do MAC, na Boa Viagem, descortina-se um leque de opções para o visitante…

1 semana ago

Pinheiro Junior faz 90 anos buscando a verdade como a melhor notícia

Pinheiro Junior com a beca dos imortais da Academia Fluminense de Letras, no dia de…

1 semana ago

Grael vai à Conferência de Clima enquanto Niterói alaga com pouca chuva

A Rua Presidente Pedreira, no Ingá, mais uma vez vira um rio, mesmo quando a…

1 semana ago
Publicidade