A estreia do musical será no Teatro Santa Rosa, em João Pessoa. Está prevista para tão logo a vida artística e cultural do país voltar à normalidade.
Aos 10 anos ele deixou a pequena cidade de Guarabira, sertão da Paraíba, onde aprendeu a ler na roça, sem nunca ter frequentado escola. Chegou ao Rio de Janeiro com os pais numa viagem clandestina no porão de um navio. Do cais do porto da Praça Mauá, foram direto para o Largo da Batalha, onde a família ficou pouco tempo, para depois se mudar para os morros do Arroz, São Carlos e da Formiga, no Rio. Em 1959, começou como empurrador de carros da Imperatriz Leopoldinense. Hoje é diretor da escola de samba, depois de compor 15 sambas enredo que fizeram história no carnaval carioca.
Agora, 78 anos depois da chegada ao Rio, voltou ao seu Estado de nascimento para receber o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Federal da Paraíba. Zé Catimba diz que “o samba, por sua origem negra, mestiça e, sobretudo popular, sofreu discriminação e preconceito, a ponto de ser considerado atividade ilícita. Mas hoje o samba é visto pela Academia Brasileira como uma rica fonte de saber múltiplo e refinado”.
O currículo do baixinho Zé Catimba, com seu inseparável chapéu de vime, que veio há 40 anos ficar de vez em Niterói, é tão extenso que não cabe numa matéria só.
Destacou-se nos gêneros partido alto e samba de enredo, com mais de 800 canções gravadas, muitas dessas por Martinho da Vila, Zeca Pagodinho, Emilio Santiago, João Nogueira, Simone, Júlio Iglesias, Alcione, Elza Soares, Jorge Aragão e outros cantores.
Na década de 70 virou personagem da novela Bandeira Dois, da Rede Globo. O Catimba era interpretado por ninguém menos que Grande Otelo. Seu samba Martin Cererê, tema da trama, gravado pela Som Livre, vendeu 700 mil cópias.
Niterói tem que tirar o chapéu para Zé Catimba pela sua bela história de vida e pelo muito que representa para a música popular brasileira.
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