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Witzel visita Niterói abalada por tiroteios

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Wilson Witzel vai visitar Niterói oficialmente amanhã, quarta-feira (14/08), às 17 horas, quando será recebido por Rodrigo Neves e seu secretariado no Solar do Jambeiro. Uma boa oportunidade para que os 21 vereadores, os deputados que representam Niterói na Assembleia Legislativa e no Congresso, e representantes de órgãos de classe como OAB, CDL, Cremerj, Ademi, Conselho Empresarial e outros (além da claque do prefeito) compareçam para mostrar ao governador a situação catastrófica em que o município se encontra invadido e dominado pela bandidagem do Rio.

No encontro, o prefeito de Niterói vai renovar acordo de cooperação com o Estado para a manutenção do Proeis e do Niterói Presente, programas com que ele diz ter reduzido em 30% os casos de assaltos nas ruas da cidade. Mas será que ninguém vai falar sobre a Polícia Civil completamente desaparelhada, com delegacias sem contar sequer com um rolo de papel higiênico e falta total de condições de realizar seu trabalho de investigação?

Rodrigo Neves muito provavelmente vai se vangloriar da instalação de seu “big brother” que funciona no Centro Integrado de Segurança Pública (Cisp), vigiando o movimento nas ruas da cidade. Mas deveria atentar para o que relatou uma leitora aqui da Coluna:

Fui assaltada na porta de casa e liguei para o Cisp. Em 10 minutos retornaram a minha ligação informando que localizaram as imagens, mas que não poderiam me fornecer. Eu deveria informar à polícia, que a mesma poderia solicitar (as imagens). Fui fazer um BO (Boletim de Ocorrência) e informei sobre as imagens. Conclusão do meu BO (escrito no mesmo): ‘Por falta de provas não há como proceder com investigação’. Detalhe: Fui assaltada no Jardim Icaraí, numa área que todo mundo sabe o que acontece todo dia de manhã…

Tiroteios abalaram Niterói

O que a outrora pacata Cidade Sorriso precisa de verdade não são ações espetaculosas como as operações da Polícia Militar de segunda-feira, que trouxeram pânico para moradores de comunidades dominadas por criminosos. O que se viu foram passageiros de ônibus em meio a fogo cruzado entre bandidos e soldados da PM na Garganta do Viradouro e a morte de um jovem atleta na Grota do Surucucu.

Operacionalmente, por assim dizer, o bangue-bangue de segunda-feira em Niterói resultou na fuga de três bandidos e na morte de um quarto suspeito, além do rapaz de 16 anos que treinava no time de base do América. Ainda como saldo, um único fuzil foi apreendido e os PMs do Centro de Operações Especiais não conseguiram evitar que bandidos incendiassem um ônibus na Avenida Franklin Roosevelt, em São Francisco.

“Tiro na cabecinha”, como preconiza o governador Witzel, nem sempre acerta bandidos. Tanto ele quanto o prefeito de Niterói deveriam entender que segurança pública não se faz com marketing político, mas com inteligência e prevenção.

Há um ano, a prefeitura lançou o Pacto Niterói Contra a Violência, prevendo gastar R$ 304 milhões até 2020 em 18 projetos nos eixos de prevenção, policiamento e Justiça, convivência e engajamento dos cidadãos e ação territorial integrada. Também foi aprovada lei para premiar agentes de segurança que realizassem apreensão de armas de fogo. De concreto, mesmo, o que se vê é o patrulhamento de ruas movimentadas da Zona Sul e do Centro para coibir os assaltos. Nenhuma arma apreendida pelos policiais resultou até hoje em pagamento de prêmio, já que uma das condições era a de isto ser feito sem excesso do uso da força.

No encontro com o governador amanhã, o prefeito espera conseguir a entrega ao Município dos prédios da Maternidade Alzira Reis, em Charitas, e do antigo Mercado Municipal Feliciano Sodré, além de parcerias sobre o Caio Martins e Instituto Vital Brazil; e mais a tarifa social para o catamarã de Charitas.

Por isso, e pela segurança de Niterói, a participação de todos os vereadores (e não apenas os da chamada base aliada) no encontro com o governador é muito mais importante do que uma sessão na Câmara, onde na maioria das vezes cuidam de conceder títulos e medalhas. Afinal, eles são os verdadeiros representantes do povo, que reclama por paz e ordem nas ruas, mas não é o que está acontecendo, como na última segunda-feira na Garganta do Viradouro e na Grota do Surucucu.

É hora de união, não de os deputados estaduais Waldeck Carneiro, Gustavo Schmidt, Coronel Salema, Paulo Bagueira, Flavio Serafini, e federais Soraia Santos, Chico D´Ângelo, Carlos Jordy, Talíria Petrone e Flor de Liz olharem apenas para suas siglas partidárias. Todos precisam defender os eleitores niteroienses que sufragaram seus nomes nas urnas e não aguentam mais tanta violência. Chega de marketing.

Gilson Monteiro

Iniciou em A Tribuna, dirigiu a sucursal dos Diários Associados no Estado do Rio, atuou no jornal e na rádio Fluminense; e durante 22 anos assinou uma coluna no Globo Niterói. Segue seu trabalho agora na Coluna Niterói de Verdade, contando com a colaboração de um grupo de profissionais de imprensa que amam e defendem a cidade em que vivem.

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