Se Dom João VI estivesse na Câmara Municipal de Niterói hoje, talvez tivessem que criar um departamento só para administrar a avalanche de títulos de cidadania niteroiense! O monarca português foi diligente na concessão de honrarias durante sua estadia no Brasil. Ele aqui distribuiu mais títulos nobiliárquicos do que Portugal concedera em 700 anos. Qualquer cidadão que respirasse perto da corte corria o risco de sair com um novo status de barão, visconde ou comendador.
Parece que os vereadores de Niterói estão seguindo essa mesma tradição. Em 2025, enquanto o orçamento municipal ultrapassa R$ 6,01 bilhões, e a Câmara dispõe de R$ 108 milhões, a preocupação dos parlamentares não está exatamente na fiscalização do Executivo. Em vez disso, eles estão ocupados com homenagens. A vereadora Fernanda Louback (PL) apresentou a proposta de título de cidadania para a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, aprovada por nove votos a favor e oito contra. Já a vereadora Benny Briolly (PSOL) protocolou um projeto semelhante para conceder a honraria à atual primeira-dama Janja da Silva, aguardando votação.
O que os cidadãos de Niterói realmente gostariam de ver é o currículo das homenageadas e saber se trouxeram benefícios concretos para a cidade. Afinal, conseguiram do Governo Federal recursos para a Prefeitura, a UFF, o Hospital Antônio Pedro ou entidades filantrópicas como AFR, Pestalozzi, APADA e Associação de Amparo aos Cegos? Ou será que os títulos apenas servirão para enfeitar paredes?
A generosidade na distribuição de honrarias não para por aí. A Câmara tem concedido tantas medalhas e títulos que sua banalização já fez com que algumas pessoas começassem a recusar as homenagens. Quem sabe, seguindo o legado de D. João VI, poderíamos sugerir novos títulos mais criativos, como “Visconde da Ponte Rio-Niterói”, “Barão do Campo de São Bento” ou até um “Cavaleiro da Ordem do Peixe Frito”. Enquanto isso, a transparência da execução do orçamento bilionário de Niterói segue como uma incógnita.
Além da polêmica das homenagens – que somente neste mês já somam 17—, a Câmara de Niterói enfrenta outro problema: sete dos 21 vereadores se afastaram de seus cargos, sendo seis para assumir funções na administração municipal e um para a Assembleia Legislativa, deixando eleitores sem representação plena.
Os suplentes que assumiram os mandatos enfrentam restrições, podendo nomear apenas dois assessores dos dez cargos disponíveis. Assim, os titulares licenciados mantêm na Câmara seus apaniguados. Por sua vez, os substitutos ainda ficam obrigados a votar alinhados ao governo para garantir sua permanência na Casa.
No fim das contas, fica a pergunta: será que os homenageados e os vereadores realmente estão atuando em prol da cidade? Ou estamos testemunhando uma política que prioriza títulos em vez de resultados concretos? Pelo visto, D. João VI pode ter saído do Brasil, mas sua paixão pela nobreza encontrou solo fértil na terra de Arariboia.
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Estas honrarias ficaram tão banalizadas pelos Nobres Edis, que perderam totalmente o valor.
Lamentável.