Quando os dois pararam de discutir (a coisa caminhava para uma grossa pancadaria) convencidos por um outro amigo, fomos tomar um café na Padaria Colonial. Falamos do peso imensurável de uma amizade perante as coisas da vida. Coisas de uma maneira geral e, em particular, política, eleições.
O curioso é que ambos são eleitores com o perfil muito parecido, mas um disse que um candidato do outro é um salafrário, as ofensas foram se amplificando e os dois acabaram se ofendendo mutuamente, chegando muito perto das trocas de bofetadas. Coisas da paixão, do estresse, enfim, temas como política e futebol descabelam as pessoas. Alguns se tornam temporariamente insanos e partem para o desatino amplo, geral e irrestrito.
Se esses dois (que conheço há algum tempo) quase se estapearam, mas chegaram a um acordo (foram embora para esfriar a cabeça), em outras eleições lembro que não foi bem assim. Já levei para o hospital gente atingida por pau de bandeira no rosto, isso sem falar de tapas, socos, chutes, garrafadas, enfim, os temas apaixonantes têm o poder de nos fazer retornar a condição de primatas. Aí, passa o tempo (as vezes, muito tempo) e concluímos que fomos ridículos e, por conta disso, perdemos um, dois, três, vários preciosos amigos.
Quando carregamos a bandeira de candidatos corremos o risco de ouvir piadinhas de militantes do outro lado. Na ultima campanha (2014) o pau comeu feio, muito feio. Dizem que com o passar do tempo vamos nos tornando mais plácidos. Que bom! Imaginem se fosse o contrário.
“Santinhos” eleitorais no Facebook, alguém grita “campanha política aqui, não!”, como se aquele espaço não fosse público e sim exclusivo de gênios do olimpo da filosofia contemporânea, quando na verdade até ditados no estilo “o pluto é filho da pluta” eu já vi lá. E teve quem achou graça.
O Facebook/Instagram pertencem a uns norte-americanos espertos, inteligentes, nerds que o inventaram, encheram a rabiola de dinheiro e hoje também são donos da Califórnia. Nós somos inquilinos dessa invenção onde, seguindo as regras lacerdistas (leia-se falso moralistas) deles, somos submetidos a uma série de normas de conduta que, fácil, fácil, podemos chamar de censura. Mas, o espaço é privado.
Muitos vivenciaram, e a história confirmou, que o Brasil ficou anos e mais anos no limbo da democracia. Gente morrendo, gente sendo torturada, gente perseguida, exilada, lutando pela liberdade de um modo geral e, pela democracia de uma forma mais precisa. Em outras palavras, lutamos muito para poder ir até a urna e votar, um direito que se tornou sagrado.
Por isso, sou extremamente tolerante com aqueles que postam seus panfletos eleitorais no Facebook, apesar de achar que eles deveriam usar somente os seus murais e não os dos outros, como volta e meia vejo. As redes sociais nasceram da necessidade de comunicação instantânea entre os animais racionais que tem acesso a tecnologia. Por que as campanhas políticas ficariam de fora? No Facebook dos Estados Unidos o pau está comeu entre os candidatos de democratas e republicanos.
Defendo a propaganda política no Facebook, Twitter e Google +. Defendo e pratico porque sou um daqueles milhões que sentiu muita saudade da democracia quando ela foi banida do país e quase não voltou mais. E como democrata, também defendo o direito de todos de deletar ou bloquear o que quiser do Facebook, do Twitter, da internet e da vida.
Menos a amizade.
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