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Coluna do LAM

Sem oposição, prefeito de Niterói faz o que quer

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O petismo reinventou a palavra empoderamento. O prefeito ex-petista de Niterói (mudou-se para o PV por causa da Lava Jato), está empoderado na impunidade ampla, geral e irrestrita graças a falta de oposição oficial. Apesar de ter tirado segundo lugar nas últimas eleições (perdeu para votos nulos, brancos e abstenções) o prefeito ex-petista manda e desmanda na cidade, que vive um dos momentos mais caóticos de sua história.

Com a Câmara dos Vereadores, em tese responsável pela fiscalização dos atos do prefeito e de seus seguidores, o prefeito mantém uma sólida base de sustentação que ajoelha e reza em sua cartinha na hora em que ele bem entende. A oposição, se existe, é quase invisível. Exceção para o vereador Paulo Eduardo Gomes (PSOL), um grito quase solitário em defesa da cidade em todas as sessões. Seus colegas de plenário são regiamente compensados pelo apoio ao prefeito ex-petista, que distribui cargos, regalias etc entre os seus, digamos, confrades na Câmara.

Manda quem pode, obedece quem tem juízo. Com a anuência e o beija mão da maioria dos vereadores o prefeito destruiu a Região Oceânica com um projeto megalomaníaco, caríssimo, que afundou a cidade em dívidas, trucidou o comércio, transformou a vida dos habitantes num inferno mas, cara de pau, ele posa para fotos sorrindo na boca de um túnel não inaugurado.

O trânsito na cidade é um nó dia e noite, nos hospitais e postos de saúde chovem reclamações, a Guarda Municipal invisível é incapaz de deter um ladrão de galinhas e a indústria imobiliária, queridinha, só não está totalmente feliz da vida por causa de recessão. As favelas, incentivadas pela politicagem, avançam morros acima nas mãos do tráfico.

Graças a apatia proposital e oportunista da maioria dos vereadores, em vez de resolver os graves problemas, o prefeito ex-petista, fazendo o que bem entende, quer reformar o Mercado São Pedro (parceria público privada), que pode ganhar uma maquiagem milionária semelhante aquela da rua Moreira César, que sucumbiu no berçário. Mais: ganancioso e de olho na eleição para governador (ele é candidatíssimo) vai explodir mais uma vez os cofres da cidade municipalizando museus de responsabilidade do governo do estado, cuja manutenção é caríssima.

Essa semana, Gilson Monteiro publicou aqui no site essa escandalosa notícia:

A crise econômica só atinge contribuintes e funcionários públicos em Niterói. Do outro lado do cofre, o prefeito Rodrigo Neves gasta muito para pavimentar sua candidatura ao governo do Estado. Nesta terça-feira (28/03) o Diário Oficial publica a prorrogação por mais três meses do contrato milionário com a agência de publicidade Prole, ao custo de R$ 3,750 milhões, ou seja, mais de R$ 1,2 milhão por mês para o prefeito mostrar suas “realizações”.

Ao mesmo tempo, a prefeitura de Niterói abriu também licitação para um novo contrato de publicidade. Envolvida nas investigações da Operação Lava-Jato e já tendo um de seus sócios, o publicitário Renato Pereira, se oferecido a fazer delação premiada, a Prole perdeu os contratos que tinha com o governo do Estado e também com a Prefeitura do Rio, mas continua ativa em Niterói.

A Prole foi contratada pela Prefeitura de Niterói em 2014, para prestar serviços de propaganda por 12 meses, ao custo de R$ 15 milhões. Em 2015, o contrato foi prorrogado até março de 2016, pelo mesmo valor de R$ 15 milhões, e no mês passado foi dilatado em doze meses até março de 2017, por mais R$ 15 milhões. Em 2015 e em 2016, a Prole assinou dois aditivos com a prefeitura, aumentando a despesa da municipalidade em cerca de R$ 5 milhões.

A prefeitura de Niterói gasta, ainda, R$ 5,4 milhões com a FSB Estratégia em Comunicação, de Francisco Soares Brandão, para a empresa fazer assessoria de imprensa desde novembro de 2015. A FSB contratou jornalistas da própria assessoria do gabinete de Rodrigo Neves, para cuidar, principalmente, da imagem na mídia do prefeito que trocou o PT pelo PV.”

Ou seja, a monarquia está de volta a Niterói, onde a população, indignada, paga um dos mais caros IPTUs do país, vê a Taxa de Iluminação Pública da conta de luz servir para outras coisas, lagoas secando, nenhum pé de couve plantado nem na Semana da Árvore. Tudo com o beneplácito da maioria na Câmara dos Vereadores, parceira fiel desse show de horrores.

Luiz Antonio Mello

Jornalista, radialista e escritor, fundador da rádio Fluminense FM (A Maldita). Trabalhou na Rádio e no Jornal do Brasil, no Pasquim, Movimento, Estadão e O Fluminense, além das rádios Manchete e Band News. É consultor e produtor da Rádio Cult FM. Profissional eclético e autor de vários livros sobre a história do rádio e do rock and roll.

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