Saúde insiste em trocar cirurgiões do Getulinho por contratados de OS

Centro cirúrgico do hospital infantil Getulinho, em Niterói

A transferência dos cinco cirurgiões pediátricos do quadro de funcionários efetivos do Hospital Getúlio Vargas Filho, o Getulinho, para o Hospital Orêncio de Freitas está mantida pela Fundação Municipal de Saúde de Niterói (FMS). O secretário de Saúde, Rodrigo Oliveira, insistiu no afastamento dos médicos concursados durante reunião com representantes do Conselho Regional de Medicina (Cremerj), na tarde desta sexta-feira (08/04).

A saída daqueles médicos concursados para o Orêncio de Freitas abre vagas para a contratação de outros cirurgiões para atender o Getulinho. Isto interessa à organização social de saúde Ideias, gestora do Getulinho há oito anos. A Ideias passaria a receber mais da FMS pelas cirurgias, afirmam alguns dos médicos afastados.

Os pediatras em vias de serem transferidos operam no hospital infantil do Fonseca há mais de trinta anos. Além disso, o hospital do Barreto, especializado em cirurgias gástricas, não tem condições de criar uma estrutura especial para atendimento de crianças, já que a Secretaria de Saúde não dá o mínimo de recursos ao Orêncio, pois não está nem repassando R$ 19 mil mensais para suas pequenas despesas de custeio.

Rodrigo Oliveira pediu ao grupo de médicos para fazer uma contraproposta ao vice-presidente da Atenção Hospitalar e de Emergência (Vipahe), Ramon Sanchéz, em nova reunião marcada para a próxima quinta-feira (14/04).

O estranho de tudo isso é que o secretário Rodrigo Oliveira vem do quadro da Ideias, organização que recebe milhões da Prefeitura de Niterói e que está sendo beneficiada com o afastamento dos médicos porque passa a receber mais pelas cirurgias que realizar.

Enquanto isso os postos de saúde e os hospitais do município estão com as prateleiras vazias, mas não faltam milhões para os hospitais entregues às organizações sociais em Niterói.

Gilson Monteiro

Iniciou em A Tribuna, dirigiu a sucursal dos Diários Associados no Estado do Rio, atuou no jornal e na rádio Fluminense; e durante 22 anos assinou uma coluna no Globo Niterói. Segue seu trabalho agora na Coluna Niterói de Verdade, contando com a colaboração de um grupo de profissionais de imprensa que amam e defendem a cidade em que vivem.