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Coluna do LAM

Reserva deixa pijamas na gaveta

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Inaugurada há seis meses, a super bem sucedida versão niteroiense da empresa paulista Reserva Cultural já provocou uma ótima mudança de hábitos entre os que apreciam cultura de qualidade. A Reserva (oficialmente é O e não A) abriu seus cinemas para sessões a partir das 11 da noite, para alegria dos notívagos, antes obrigados a se submeter ao jugo do horário comercial. Adeus pijama.

Assistir um bom filme perto da meia noite faz bem, muito bem, porque quem quiser chega lá antes, come no bistrô, na pizzaria, na loja de sanduíches, dá uma boa olhada na livraria, na galeria de arte, as quintas-feiras (à noite, claro) curte o Corujão da Poesia, a partir desta semana, assiste a palestras, shows e uma série de eventos da “Ocupação Reserva Cultural”. Ou então apenas senta num dos confortáveis lounges e curte o ambiente.

Cada vez mais o complexo cultural vem recebendo a visita de niteroienses que descobrem o quanto é bom ter várias opções de entretenimento, gastronomia e afins num mesmo lugar. Todos os detalhes aqui: reservacultural.com.br/niteroi

O único ponto negativo para a maioria das pessoas (especialmente os idosos) é o preço do estacionamento: R$12,00, numa área descoberta. Muitos frequentadores gostariam de ir lá mais vezes, mas o preço da vaga espanta.

Uma meia entrada de cinema custa, em média, R$14,00. Só que com o estacionamento ele salta para R$26,00. Se uma pessoa vai à livraria Blooks e compra um livro de R$30,00 no final vai desembolsar R$ 42,00. Enfim, uma questão que a direção do espaço pode resolver.

O produto interno bruto de Niterói é e sempre foi a cultura. A cidade respira arte por todos os poros, ama ir ao cinema, assistir um bom show, peças de teatro, enfim, somos uma cidade antenada na arte. O sempre lotado Centro de Artes da UFF está lá, com cinema, galeria de arte e teatro que apresentam ótimas programações. Pena que fica engessado pelo horário. Fecha tudo cedo.

O sucesso da Reserva Cultural comprova que Niterói gosta de viver intensamente a sua noite, mesmo numa época difícil no quesito insegurança pública. Até por isso, o novo espaço em São Domingos é mais aconchegante, passa uma ótima sensação de segurança. Uma vez escrevi num jornal que a origem indígena do niteroiense o transformou num ser que adora um papo, coisa que os índios brasileiros fazem com frequência em torno de fogueiras. Não é só ir ao cinema, assistir o filme e voltar para casa. A Reserva estimula a convivência, o papo, o encontro, o reencontro, a conversa que passa pelos livros, pela culinária, e pode se estender pela noite sem aquele terror do “vai fechar daqui a pouco”.

Em suma, Niterói merece a Reserva Cultural e a Reserva Cultural merece Niterói. Uma mistura sensacional.

Luiz Antonio Mello

Jornalista, radialista e escritor, fundador da rádio Fluminense FM (A Maldita). Trabalhou na Rádio e no Jornal do Brasil, no Pasquim, Movimento, Estadão e O Fluminense, além das rádios Manchete e Band News. É consultor e produtor da Rádio Cult FM. Profissional eclético e autor de vários livros sobre a história do rádio e do rock and roll.

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