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Dos leitores

Reboques faturam com trânsito caótico

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A leitora Maria Eduarda da Costa Fernandes faz um relato de como funciona o suposto ordenamento do trânsito em Niterói. Em e-mail enviado à coluna, conta que na sexta-feira (3/03), deu pelo sumiço de seu carro que havia estacionado em frente à emergência de uma clínica veterinária, onde fora levar seu cão. Daí para frente, enfrentou um odisseia para localizar finalmente o veículo no depósito da Zaplog (contratada pela prefeitura para recolher carros), e como teve que fazer para conseguir emitir as guias de multa a fim de recuperar seu Ford Fiesta.

Eis seu relato: “Ao passar pela Rua Lopes Trovão (em Icaraí) observei que quase toda a extensão do lado esquerdo, do quarteirão da Praia de Icaraí até a Rua Moreira César (aqui também parte da extensão do lado direito) e, da Rua Tavares de Macedo até a Rua Gavião Peixoto, é praticamente reservada aos pontos de táxi, o que obviamente restringe a área de estacionamento dos carros de passeio. No pouco espaço que resta é cobrada uma taxa de R$ 3,50 pelo período de duas horas, sendo que no Rio de Janeiro, onde obviamente há maior fluxo e demanda, são cobrados apenas R$ 2,00.

“Parei o meu carro em frente à emergência de uma veterinária para levar o meu cão. Pude reparar que estava atrás da placa que indicava o fim da área, mais uma vez, dedicada a um ponto de táxi. Ao voltar às 16h45m, meu carro não estava lá. Perguntei no entorno sobre alguma notificação do reboque, como tem que ser uma praxe, e ninguém foi informado de nada. Então, comecei a peregrinação que todos os que sofrem com isso devem passar. Entrei no site da NitTrans, e nada constava; entrei no site do Detran, e nada. Então, o carro foi autuado e rebocado ou roubado? O que fazer e para onde ir?

“Voltei para casa a pé e debaixo de uma chuva torrencial. Ao chegar na esquina da minha casa, no Ingá, tive que caminhar, com o cão ferido no colo, com água até o joelho, podendo pegar qualquer tipo de doença, ou seja Administração Pública cobra, mas, não arca com o papel dela, deixar ruas limpas, para que não se entupam os bueiros e não se alegue a cidade.

“Ao chegar no prédio, não pude subir de elevador porque não existia luz, serviço prestado por uma terceirizada da prefeitura. A luz ia e vinha ao longo de toda a noite, podendo quebrar os utensílios da casa como geladeira, ventilador e etc. Mais uma vez o serviço obrigatório ao cidadão, que paga, não é prestado com presteza.

“Mais tarde ao entrar no site da NitiTrans no link “veículos rebocados”, constava no site da prestadora de serviço Zaplog, que sim, meu carro havia sido apreendido às 16h20m. Para liberar o veículo eu deveria ter em mãos: Original e DUAS cópias de: CPF, identidade, comprovante de residência (não entendi para que), Certidão de Registro do Veículo, e original e cópia da Guia de Recolhimento do Veículo GRV (Esta não consegui gerar o boleto nem no site do Detran nem no site da Prefeitura que indicava um link para o Banco Bradesco, que não funcionava!

“Aqui, começa a minha primeira indagação: ao dono do veículo cabe pagar as taxas e multa e provar que o carro é dele na hora de retira-lo, com a identidade, a GRV (comprovante de pagamento de multa) e o CRV (documento do carro). Todas essas duas cópias de xerox caberiam à Prefeitura e à prestadora de serviço, visto que cabe a ela ter documentações que comprovem que devolver o carro ao proprietário. Não faz sentido termos que pagar além da taxa de reboque, de estacionamento do carro no pátio e a multa em si, pagar também pela xerox que é de interesse da Prefeitura, ou seja, todos os ônus são do proprietário e o bônus, faturamento, são da prefeitura e da prestadora de serviço.

“A segunda dúvida é, para levar a tal GRV paga, como já expliquei acima não foi possível gerar o boleto. Enfim, liguei para a tal da Zaplog que me informou que bastava levar a carteira de identidade e o comprovante do carro, e apenas uma xerox. Ao chegar lá, soube que a GRV, que o Detran desconhece no seu cadastro e a Prefeitura informa um link errado, deveria ser pago na “prestadora de serviço”, ou seja nenhuma legibilidade legal. Não foi nenhum órgão oficial que gerou o documento e sim uma prestadora de serviço.

“Ao indagar à atendente por todas essas dúvidas e filma-la para ter uma documentação legal, caso se faça necessário, a mesma me informou que eu não poderia publicar a sua imagem; eu expliquei que não iria divulga-la, apenas teria um registro e se ela estava fazendo um trabalho lícito, não tinha nada a temer. Mas não gravei, respeitei.  Ok, tudo bem. Ela me fez pagar por mais uma xerox, o que não concordo como relatado acima.

“Ao pegar o carro, o rapaz me informou que eu deveria entregar o papel que estava na minha mão, porque era deles, e eu lhe informei que só o faria ao pegar o meu carro. Este disse que só me daria o MEU carro caso assinasse o documento, do contrário ele continuaria detido no pátio. Questionei se deveria chamar a polícia e tratar o assunto como um roubo, visto que diante do pagamento das taxas e da multa, deter uma propriedade particular, eu entendo como roubo. Este me respondeu que eu que fosse falar com o coronel na Secretaria de Transporte da Prefeitura. O que também encaro como intimidação. Respondi que, no caso, não precisava de um coronel, mas, da Justiça.

“Ou seja, aos contribuintes nenhuma satisfação. É só o ônus. E a Prefeitura o que ganha com isso? Com certeza não é a ordenação do trânsito, sempre caótico, nem a organização da cidade.”

Gilson Monteiro

Iniciou em A Tribuna, dirigiu a sucursal dos Diários Associados no Estado do Rio, atuou no jornal e na rádio Fluminense; e durante 22 anos assinou uma coluna no Globo Niterói. Segue seu trabalho agora na Coluna Niterói de Verdade, contando com a colaboração de um grupo de profissionais de imprensa que amam e defendem a cidade em que vivem.

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Gilson Monteiro
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