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Prefeitura refaz acesso à praça, mas o Ingá pergunta: Cadê o Casimiro?

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“Em obras, entre pelo portão da praia”, avisa a placa na entrada da Praça César Tinoco, no Ingá, onde finalmente a prefeitura está refazendo a rampa de acesso pela Rua Presidente Pedreira. Depois de passar mais de um ano ocupada como canteiro de obras da reforma da Rua Paulo Alves, a praça foi reaberta em outubro. Mas no lugar de uma rampa para carrinhos de bebês e de cadeirantes botaram três degraus no portão principal.

A reabertura da Praça César Tinoco só aconteceu depois que moradores do Ingá e da Boa Viagem passaram um abaixo-assinado cobrando a devolução da área de lazer. No dia 1° de outubro, a pracinha pôde voltar a ser frequentada pelos moradores. Porém,  os aparelhos de ginástica usados pela turma da terceira idade não existem mais. Os brinquedos das crianças não inspiram muita segurança. Velhos e desgastados os balanços foram pintados de vermelho. A gangorra está interditada e o playground de madeira está com partes soltas e cordas puídas.

O busto do poeta Casimiro de Abreu continua sumido do pedestal de granito. Já o busto do jurista Jorge Loretti, ilustre morador do bairro, ainda está no lugar. No entanto, o aro dos óculos desapareceu (foto). A centenária figueira que recebia os frequentadores na entrada da Praça César Tinoco, no Ingá, foi abatida na manhã do dia 30/10. Funcionários da equipe de Arborização Urbana da Secretaria municipal de Conservação (Seconser) fizeram em pedaços a enorme fícus religiosa sob protesto de moradores do bairro. Dias depois, como “compensação ambiental”, plantaram três pés de cajueiro na praça.

Num pedestal em frente já havia sido “suprimida” uma das placas de bronze que marcavam a reforma da praça feita em 1992 pelo ex-prefeito João Sampaio. A praça também perdeu o busto do poeta Casimiro de Abreu, que sumiu, ninguém sabe, ninguém viu. Há pelo menos cinco anos, o monumento em homenagem ao poeta mais popular do Romantismo brasileiro, vinha sendo furtado. Primeiro, levaram os ornamentos em bronze que envolviam o pedestal de granito, depois as letras da placa. Por fim, o busto inteiro desapareceu.

Casimiro de Abreu, conhecido como o Poeta da Infância, morreu aos 21 anos em 1860. Em 1914 foi homenageado em Niterói com a inauguração de um busto na praça do Ingá. Até 2016, a peça de bronze ainda estava lá, meio maltratada, como mostrou na época o jornal O Globo. Em 2019, a praça foi fechada e virou canteiro de obras. E agora ninguém mais sabe o que aconteceu com o Casimiro dos versos “Oh! que saudades que eu tenho//Da aurora da minha vida,//Da minha infância querida//Que os anos não trazem mais!”

Gilberto Fontes

Repórter do cotidiano iniciou na Tribuna da Imprensa, depois atuou nos jornais O Dia, O Fluminense (onde foi chefe de reportagem e editor), Jornal do Brasil e O Globo (como editor da Rio e dos Jornais de Bairro). É autor do livro “50 anos de vida – Uma história de amor” (sobre a Pestalozzi), além de editar livros de outros autores da cidade.

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