O ex-presidente e agora ministro Lula certamente não concorda com o prefeito carioca Eduardo Paes, quando este diz que Maricá é “um lugar de merda”. É nesta cidade vizinha de Niterói, ex-capital fluminense, que a filha do petista quer ser prefeita no ano que vem. Lurian Cordeiro Lula da Silva já teve cargo comissionado por nomeação do prefeito e presidente do PT do Estado do Rio, Washington Quaquá, e sempre que pode participa de atos ao lado dele, como recentemente o que levou militantes petistas a um protesto na porta da TV Globo, no Rio.
Com mais da metade de seu orçamento de R$ 934 milhões para este ano engordado pelos royalties do petróleo (R$ 521 milhões), Maricá é dentre as cidades do Leste Fluminense a que mais recebe esses recursos.
Se a cidade é tão feia, como desdenha Eduardo Paes, não deixa de ser o porto seguro de petistas como Marcelo Sereno, ex-assessor especial de José Dirceu quando este era todo poderoso na Casa Civil. Derrotado a deputado federal, em 2010, Sereno foi nomeado secretário de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Petróleo de Maricá, pasta criada para administrar os milhões de royalties que a cidade fluminense já recebia e que foram aumentados em dezembro daquele ano pela extração do pré-sal no campo de Tupi, na Bacia de Santos. O município recebia R$ 3 milhões mensais da Petrobras, e passou a receber cerca de R$ 20 milhões, então.
Paes disse que Maricá “é uma merda” talvez porque a cidade, apesar dos royalties gordos não tem rede de saneamento nem água encanada (a não ser no Centro); porque o serviço de coleta de lixo, bem cobrado nos carnês do IPTU, funciona precariamente, deixando distritos como São José de Imbassahy há 12 dias sem ver lixeiro; e o hospital municipal está entregue a uma organização social que atrasa o salário dos funcionários e deixa os pacientes sem remédios.
O prefeito Quaquá se jacta de haver asfaltado mais de 420 quilômetros de ruas (nenhuma delas com rede pluvial), ter dado ônibus grátis para a população e, mais recentemente, ter aberto o canal da Barra de Maricá para fazer baixar o nível das lagoas (são cinco, ao todo) para desafogar os moradores do Minha Casa, Minha Vida levados a viver em um brejo, em Itaipuaçu.
Breve, quem sabe? Lula e Dona Marisa acabarão levando o barquinho e os pedalinhos dos netos de Atibaia (SP) para Bambuí, em Maricá. Quaquá deve arrumar um sitiozinho para eles se instalarem lá, como já fez com uma tribo de índios tupis.
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