O cientista navegou a bordo do Beagle, registrado na Marinha britânica como HMS Beagle, que tinha apenas 27,5 metros de comprimento, 7,5 m de boca, 3,8 m de calado. Amado por Darwin e chamado de herói por muitos, o Beagle foi aposentado, cortado e vendido como sucata em 1870.
Depois de deixar a Inglaterra em 27 de dezembro de 1831, o Beagle fez sua terceira parada no Brasil, em fevereiro de 1832. Antes de aportar em Salvador, a expedição fez uma passagem rápida pelo arquipélago de Fernando de Noronha e, em 29 de fevereiro, chegou à capital baiana.
Em Salvador, o naturalista teve o primeiro contato com as florestas e a fauna tropicais e deslumbrou-se com o que viu. Tanto que mandou o pintor de bordo (artista plástico que registrava as grandes viagens dois europeus) pintasse detalhadamente as florestas que, segundo Darwin, na Europa muitos não acreditariam existirem. Ele fez pequenas expedições pelo entorno da cidade observando e coletando espécimes da flora, fauna e observando o relevo da região.
O Beagle deixou Salvador e desceu pela costa brasileira até chegar ao Rio de Janeiro. Neste ponto da viagem Darwin ficou sozinho no Rio, pois o Beagle teve que retornar à Bahia para refazer algumas medições topográficas.
Darwin morou em Botafogo e fez pequenas expedições pela Floresta da Tijuca, Jardim Botânico, Penha e Gávea. Subiu o Corcovado e foi caçar na Fazenda dos Macacos – hoje, bairro de Vila Isabel. Visitou também o Museu Nacional – que naquela época chamava-se Museu Imperial e funcionava no Campo de Santana, Centro do Rio.
Apesar do calor desumano Darwin viajou ao norte fluminense subindo a serra da Tiririca, em Niteroi; passou por Maricá, Saquarema, Araruama, São Pedro da Aldeia, Cabo Frio, Barra de São João, Macaé, Conceição de Macabu, Rio Bonito, Itaboraí. Em alguns desses lugares, restam algumas construções e paisagens que o naturalista descreveu em seu diário de viagem, como a Fazenda Itaocaia, em Maricá, onde pernoitou; ou a Estrada do Vai e Vem no Engenho do Mato, onde passou quando viajava pela região de Niterói e ruínas da Fazenda Campos Novos, em Cabo Frio, onde elogiou a comida.
Os chamados “Caminhos de Darwin”, por onde o cientista passou no Engenho do Mato, degradado bairro vizinho a Itaipu, em Niterói, infelizmente viraram rota do tráfico de drogas. O jornal O Fluminense publicou em sua edição de 15 de maio do ano passado:
“O caminho que leva o nome do naturalista e cientista inglês Charles Darwin, que no começo do século XIX se deslumbrou com a fauna e a flora da Serra da Tiririca, serve hoje como rota do tráfico de drogas. É o que afirmam moradores da região, que também dizem sofrer com uma onda de assaltos.
“O Caminho de Darwin, com cerca de três quilômetros de extensão, cruza o Parque Estadual da Serra da Tiririca (Peset) entre o Engenho do Mato (Niterói) e Itaocaia (Maricá). Durante o percurso, não é difícil encontrar papelotes de drogas espalhados pela trilha e quadros de motos abandonados às suas margens, assim como bolsas e carteiras vazias, que segundo frequentadores do parque são produtos de roubo que foram descartados.
“Segundo um morador da região, trilha se transformou em rota do tráfico, principalmente nos finais de semana. Os traficantes, que muitas das vezes são menores, compram a droga no Engenho do Mato para revender em Maricá e acabam também consumindo e deixando papelotes pelo caminho. Nas sextas-feiras parece até um comboio, pois a movimentação fica muito intensa em direção ao Caminho de Darwin. O número de pessoas passeando pela trilha diminuiu consideravelmente e vários negócios fecharam as portas.”
Em seu diário destacou: “É calamitoso ver como a vida é curta e incerta nestes países. Muitos jovens morrem, em geral por causa da bebida: poucos parecem capazes de resistir à tentação de se estimular fortemente com o consumo de aguardentes quando esgotados pelo trabalho neste clima insuportavelmente quente.”
Charles Darwin destacou o colorido da paisagem, observou a beleza de uma floresta de acácias, em Itaboraí, e as samambaias de Conceição de Macabu. Os animais que mais o interessaram e fascinaram foram os insetos. Darwin passava os dias coletando, observando e estudando o comportamento desses animais e suas anotações foram importantes para a formulação da Teoria da Evolução e o princípio da seleção natural.
O Beagle deixou o Brasil, em 5 de julho de 1832, rumando para Montevidéu, dando continuidade a expedição. Em agosto de 1836, o Beagle voltou ao Brasil, fazendo suas últimas paradas em Salvador e Recife, para conferência de cálculos, antes de retornar definitivamente à Europa.
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