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Coluna do LAM

Pandemia da infâmia

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A asquerosa avalanche de denúncias de corrupção em plena pandemia da Covid-19 (muitas já comprovadas) mostra o desprezo absoluto dos sicários pela vida humana. Para eles, o que vale é dinheiro na conta, não importa a origem, os meios. O genocídio é rotina.

Lamentavelmente, em Niterói os casos de Covid-19 somavam na quinta-feira (04/06, às 19h), 3.357, com 122 óbitos registrados pelo Ministério da Saúde. No Brasil a pandemia caminha para as 35 mil mortes, uma tragédia histórica, desprezada solenemente pelas quadrilhas que traficam respiradores, máscaras e outros insumos.

Uma infâmia que envolve gestores públicos, empresários, todo tipo de meliantes, que sabem, sim (não há como negar), que por causa dos desvios, do superfaturamento, da venda de material sucateado, dos golpes, muita gente morreu. Morre. Vai morrer.

Crimes como esses, cometidos durante a pandemia, podem se tornar hediondos com ampliação de penas que hoje vão de 10 a 15 anos de prisão. Pela proposta, a condenação iria a até 30 anos de prisão.

O endurecimento de pena é o que propõem dois projetos de lei que tramitam na Câmara dos Deputados, em Brasília.

O que lemos, ouvimos e assistimos na imprensa profissional, são desculpas esfarrapadas e muita mentira. “Eu não sabia que isso estava acontecendo”; “está tudo na forma da Lei”; “é fake news”, os sicários dão as mesmas desculpas que davam os bandidos condenados pela Lava Jato.

Nesse “liberou geral” criado pela ausência de licitação por causa do estado de calamidade, há também muita mentira, dissimulação, informações desencontradas. Por exemplo, os sete hospitais de campanha anunciados para o RJ viraram o pedaço de um (no Maracanã, apenas ¼ funciona) cujas obras foram anunciadas pelos clarins das mentiras, enrolações e golpes.

Na hora de matraquejar promessas, muitos desses ardilosos posam de defensores do povo, paladinos da ética, derramam lágrimas de crocodilo. Quando flagrados no bote, culpam a “politização do Judiciário”, criminalizam a imprensa, a oposição e até os chineses.

A ganância da corrupção foi mais forte do que o medo da Operação Lava Jato que enjaulou poderosos, entre eles ex-presidente, ex-governador, empresários, etc. Do alto da sua onipotência e arrogância, os corruptos da pandemia acham que um raio não cai no mesmo lugar duas vezes. Sentem-se superiores a tudo e a todos, mandam a Lava Jato as favas, debocham da Justiça.

O Ministério Público Federal e os estaduais, junto à Polícia Federal, estão investigando denúncias. Trabalham no Estado do Rio, São Paulo, Santa Catarina, onde houver negócios sujos pondo em jogo a vida alheia. Quanto mais cutucam, mais ratos aparecem.

É triste, revoltante, indignante, uma infâmia saber que existe gente lucrando com a desgraça alheia em pleno Século 21.

P.S.  “ A probidade não tem cúmplices”. Millôr Fernandes (1923-2012).

Luiz Antonio Mello

Jornalista, radialista e escritor, fundador da rádio Fluminense FM (A Maldita). Trabalhou na Rádio e no Jornal do Brasil, no Pasquim, Movimento, Estadão e O Fluminense, além das rádios Manchete e Band News. É consultor e produtor da Rádio Cult FM. Profissional eclético e autor de vários livros sobre a história do rádio e do rock and roll.

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