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Ônibus de Niterói têm reajuste suspenso

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Depois de ter sido citado na Lava Jato pelo marqueteiro Renato Pereira por um suposto envolvimento com empresários de ônibus de Niterói para financiamento de sua campanha através de caixa 2, o prefeito Rodrigo Neves resolveu dar um passinho atrás cancelando o aumento das passagens previsto para janeiro. A tarifa única de R$ 3,90 é uma das mais caras do país em relação ao pequeno percurso percorrido pelas linhas municipais, em média de seis quilômetros por passageiro transportado.

A prefeitura contratou a Fundação Getúlio Vargas (FGV) para realizar um estudo da planilha tarifária, considerando o custo dos insumos que incidem no preço das passagens; a existência de pistas seletivas que reduzem o tempo de viagem dos ônibus e até o volume de gratuidades para idosos, pessoas com deficiência e estudantes.

Hoje, a tarifa deveria ser de R$ 3,62, considerando a variação do IPCA, índice sempre usado como argumento pelo prefeito Rodrigo Neves a cada reajuste nas passagens que ele já decretou desde os R$ 2,75 em julho de 2013. No entanto, os atuais R$ 3,90 estão 42% mais caros nesses quatro anos de aumentos. No período, o IPCA variou 31,6%. Esse índice é calculado pelo IBGE através da pesquisa de variação de preços,  inclusive dos combustíveis, óleo lubrificante, pneus, peças e acessórios.

Caixa 2 dos ônibus

O publicitário Renato Pereira também denunciou fraude na contratação de sua agência para administrar a publicidade da prefeitura de Niterói que custou mais de R$ 60 milhões nos últimos quatro anos. Disse, ainda, ter pagado propina mensal a dois secretários municipais (André Felipe Gagliano Alves e Domício Mascarenhas).  Na delação que fez ao Ministério Público Federal  afirmou que Rodrigo Neves quis contratá-lo para fazer a campanha de 2016, pagando R$ 4 milhões em caixa 2.

Antes, na campanha de 2012, segundo o marqueteiro, sua agência Prole Serviços de Publicidade recebeu metade dos R$ 8 milhões contratados através de um esquema de caixa 2 organizado pelo ex-governador Sergio Cabral. Com a Lava Jato em curso, em 2016 ele resolveu não aceitar mais receber por caixa 2.

A Prole cobrou R$ 7 milhões em 2016, mas Rodrigo Neves disse que só poderia pagar “por dentro” R$ 3 milhões. O restante poderia ser bancado pelas empresas de ônibus de Niterói, em troca de uma contrapartida.

Na delação feita ao MPF, o publicitário afirma o seguinte:

“Diante da impossibilidade de fazer a campanha por tal valor, passei a oferecer outras opções pois não queria receber valores não contabilizados. Nesse momento, presenciei Neves questionar Domício (Mascarenhas, secretário de Obras) sobre a possibilidade de as empresas de ônibus de Niterói arcarem com a despesa, caso a prefeitura atendesse determinada demanda deles, ao que o secretário respondeu não saber.”

Gilson Monteiro

Iniciou em A Tribuna, dirigiu a sucursal dos Diários Associados no Estado do Rio, atuou no jornal e na rádio Fluminense; e durante 22 anos assinou uma coluna no Globo Niterói. Segue seu trabalho agora na Coluna Niterói de Verdade, contando com a colaboração de um grupo de profissionais de imprensa que amam e defendem a cidade em que vivem.

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