Exemplos. Na Universidade de Cape Town, na África do Sul, a Cultura é prioridade orçamentária, os alunos tem acesso ao que há de melhor na área de produção cultural. É assim também Universidade de Tóquio, no Japão, onde havia (não sei se ainda há) a cadeira de Bossa Nova. Ela mesma, a nossa Bossa Nova que, levada para lá pelo nosso Roberto Menescal, faz parte do caldo cultural japonês. E uma pessoa só entende o país em que vive a partir da sua Cultura. É preciso citar Cambridge (U.K.), Stanford e Harvard (EUA)?
Acrescente a isso o rancor, o nojo, a má vontade explícita do ministro, que apesar de gostar de aparecer em rede nacional cantando e dançando “Singin’ In The Rain”, a la Gene Kelly (que deve ter dado cambalhotas na tumba) detesta Cultura. Mas ele é o ministro da educação, o que não muda muito porque cultura e educação vivem em simbiose – e a humanidade agradece -, mas é o responsável pelo orçamento da UFF. Em tempo, será que o ministro sabe da existência do curso de Produção Cultural, que alimenta intensamente o mercado com novos profissionais?
Respirando por aparelhos, se o Centro de Artes UFF for extirpado, a cidade, o estado, o país vão perder cinema, teatro e galeria de arte frequentados por milhares de estudantes (muitos do ensino médio), idosos, gente comum atraídos pela excelente programação, ambiente, preço dos ingressos compatíveis com a realidade brasileira. Atores, diretores, artistas visuais, produtores culturais de uma maneira geral perderiam um espaço nobre e digno.
O preço do ingresso justo não é por caridade. É obrigação do serviço público dar o mínimo em troca porque cada o brasileiro tem que 153 dias só para pagar os impostos dos governos. Impostos sustentam o esse mamute cada vez mais obeso chamado estado brasileiro, nos seus três níveis; federal, estadual, e municipal. Há ainda o judiciário e legislativo. Logo, o ministro sabe que esse corte poderia ter sido feito em outras áreas tidas como prioritárias: carros blindados para todo o primeiro escalão, incluindo as respectivas madames; mordomos em profusão, lagostas, alugueis, passagens e estadias internacionais para ministros, senadores e deputados irem para a China discutir se canário belga é silvestre ou não (é só uma ilação, tentando ser bem humorada, ministro) o “granoduto” que contrata desbragadamente afilhados políticos sem concurso, enfim, o senhor sabe do que estamos falando.
A verdade nua e crua conta que há décadas a área que atende a Cultura da UFF está abandonada por Brasília. Um miserê que se agravou a partir da laia de Collor, entrou por FHC, Lula 1, Lula 2, DilmaTemer 1, DilmaTemer 1,5. Uma crise crônica, grave, imoral.
O ministro precisa saber que a UFF fica numa cidade de 500 mil habitantes chamada Niterói, fundada por um índio, o cacique temiminó Arariboia. Pode ser que isso seja um problema para o ministro, mas representar a única cidade brasileira fundada por um índio é um orgulho para muitos de nós que vivemos aqui.
O ministro deveria saber que aqui nasceu a primeira faculdade de Cinema do país e, na sequência, o Cine Arte UFF que exibe uma programação voltada para a inteligência, sensibilidade, educação. Inclusive, exibe filmes feitos – sabe-se lá com que dinheiro – pelos alunos. Lamento, ministro, mas o senhor não verá no Cine Arte UFF “O Massacre da Serra Elétrica”, “A Gostosa e a Gosmenta” ou “Os Espartalhões”.
Esses filmes não são programados no Arte UFF não por preconceito e sim por conceito. A proposta dos gestores (que conhecem Cinema profundamente) é formar e qualificar novas plateias, oferecer filmes que acrescentem educação existencial, social, democrática. Filmes que raramente passam em cinemas comuns porque não são campeões de bilheteria, mas, em compensação ministro, o Arte UFF vive superlotado. Sabe por que? Porque a população quer ser respeitada, bem tratada e a Cultura é uma poderosa ferramenta nesse processo de aproximação estado-cidadão. O Centro de Artes UFF reúne a força do Cinema, do Teatro, da Música (clássica e popular), das Artes Visuais.
Se o CAUFF for obrigado a fechar deixará à míngua uma cidade inteira e não apenas o que os tecnocratas chamam de “intramuros” da universidade já que a UFF procura se inserir o máximo na vida da cidade.
P.S. – Cultura poderia ser é o PIB de Niterói e o sucesso do Edital de Fomento ao Audiovisual, da prefeitura, é um exemplo. O que não falta é gente qualificada trabalhando exaustivamente no setor.
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