Num fim de tarde, nós, bando de garotos, andávamos pela rua Moreira César e de repente alguém gritou “Leila Diniz está na esquina!”. Corremos para lá, mas ficamos com vergonha de chegar perto. Ela estava no Bar Elite com duas amigas. Leila foi a nossa Marilyn Monroe, nossa Jennifer O’Neill(“Verão de 42”) nosso ídolo feminino máximo, cujos filmes só conseguíamos assistir em cinemas do Fonseca ou São Gonçalo, onde os bilheteiros e lanterninhas (alguém lembra dos lanterninhas?) faziam vista grossa com a entrada daqueles menores cabeludos e magrelos. Leila era tudo. Tudo! Não foi à toa que assisti umas cinco vezes, banhado de emoção, a “Leila Diniz”, do grande Luiz Carlos Lacerda, amigo Bigode, que fez em Niterói uma excelente oficina de cinema e vídeo na Sala Carlos Couto nos anos 1990.
Ir ao cinema era o nosso programa número um, seguindo nossos heróis locais como Arduíno Colassanti, que viveu a vida em Jurujuba, o dublê de médico e cineasta, Eduardo Imbassahy Filho, Popô Broitman e muitos outros. Eu mesmo cometi o ato de ser ator em dois curta metragens de Julio Cesar Monteiro Martins, saudoso amigo. Um, em 16 mm, em cor, chamou-se “Transfusão”, onde fiz o papel de um serial killer que matava melancias com golpes de chave de fenda e o outro, em Super 8, “Encostado pelo Instituto”, quando interpretei uma vítima de previdência social que fica tanto tempo numa fila que acaba virando árvore. Não vi nenhum dos dois, cujas cópias estão sumidas.
Niterói sempre adorou se exibir para as câmeras e, vaidosa, acha que na telona do cinema fica tão linda quanto pessoalmente. Aqui, alguns filmes que foram rodados aqui, segundo informações no ótimo blog do Cine Arte UFF.
Confira toda a relação em http://www.centrodeartes.uff.br/blogcinearteuff/2013/11/niteroi-no-cinema/
O padre José de Anchieta chega ao Brasil em 1553 e logo aprende a língua dos índios Tupi. Ele elabora uma gramática, observa os costumes e classifica a flora local, evitando atritos com os colonos. Durante a intervenção francesa, negocia a paz e ocupa-se dos Tamoios, com o padre Manoel da Nóbrega. A escravatura compromete seu apostolado, mas Anchieta converte-se numa figura mítica. O filme teve uma única cena filmada em Niterói: um enforcamento nas ruínas do Museu de Arqueologia de Itaipu.
Os participantes do bloco de carnaval Lira do Delírio se cruzam num cabaré da Lapa carioca, onde o filho de uma dançarina é sequestrado. Para descobrir o raptor e as razões do crime, ela conta com a ajuda de um repórter policial, que ao mesmo tempo investiga o homicídio de um homossexual. Realizado em duas etapas, o filme teve boa parte rodada em 16 mm no carnaval de Niterói de 1973, quando os atores envolveram-se em episódios reais de violência nas ruas. Três anos depois, foi rodada em 35 mm outra parte, em que os atores improvisaram a história policial de sequestro e assassinato, usando seus próprios nomes e o temperamento pessoal de cada um.
Considerado o pontapé inicial para a retomada do cinema brasileiro após a tragédia da Era Collor, “Carlota Joaquina” conta, com um ar de sátira, a história da princesa espanhola que se tornou esposa de D. João VI e veio parar no Brasil para fugir das invasões napoleônicas. Para retratar o século XIX e a chegada da família real, a produção viajou para diversos cantos do país, desde a ilha de Paquetá até São Luís do Maranhão. Em Niterói, a praia do Forte Barão do Rio Branco, em Jurujuba, foi escolhida para abrigar algumas cenas da futura Rainha Consorte de Portugal e Imperatriz do Brasil.
A história do congressista patriota que desejava transformar o tupi-guarani em idioma oficial do Brasil teve como cenário prédios históricos do Rio de Janeiro. A Casa de Rui Barbosa e o Museu Benjamin Constant foram alguns dos lugares escolhidos pela equipe de produção, que também levou as filmagens para a cidade de Ouro Preto. Localizada no bairro de Jurujuba, a Fortaleza de Santa Cruz foi uma das locações escolhidas. O conhecido forte niteroiense foi palco de uma revolta pouco tempo depois da proclamação da república, época em que é ambientada a trama de Lima Barreto.
O filme faz um retrato da época da bossa nova através da história do conjunto Os Desafinados, um grupo de amigos apaixonados pela música que viajam para Manhattan com o sonho de tocar no Carnegie Hall. Lá, encontram sua musa, filha de uma brasileira com um americano, que acaba se juntando ao grupo. Nas passagens entre o Rio de Janeiro e Nova York, a produção teve algumas de suas cenas gravadas no litoral niteroiense, mais especificamente na região atrás do forte do Gragoatá.
Seguindo o sucesso do polêmico “Tropa de Elite”, José Padilha coloca o Capitão Nascimento em meio ao crescimento do poder e da influência das milícias na Zona Oeste do Rio de Janeiro nessa sequência que faz um retrato da política carioca. O filme, que bateu o recorde de “Dona Flor e seus dois maridos” de maior bilheteria do cinema nacional, teve uma de suas principais sequências de ação gravada entre os bairros do Centro e de São Domingos, próximo à sede da Ampla. Madrugada adentro, mais cem pessoas trabalharam na realização da cena, que contou com três carros e de 20 réplicas de armas de fogo.
No ano de 1968, morreu o escritor Lúcio Cardoso. Autor do livro “Crônica da casa assassinada”, Lúcio deixava um legado que se estendia além da literatura e ia parar no cinema: de sua cabeça saíram diversos roteiros e argumentos, entre os quais está o texto de “Porto das caixas”, de Paulo César Saraceni. Ficavam para trás, também, as cenas rodadas de “A mulher de longe”, filme que marcaria a estreia de Cardoso na direção, mas que nunca chegou a ser finalizado. O material, com imagens gravadas na aldeia de pescadores de Itaipu e em Itacoatiara, em 1949, ficou desaparecido por 60 anos, até ser localizado e parcialmente restaurado pelo pesquisador Esio Ribeiro. Com base nos negativos recuperados e no diário de filmagem de Cardoso, o cineasta Luiz Carlos Lacerda produziu este documentário, em que procura fazer uma viagem pela mente do escritor e o vazio deixado por sua morte.
Depois de uma longa temporada no teatro, Paulo Gustavo leva para o cinema a personagem Dona Hermínia, uma mãe de família que, decepcionada com os filhos, resolver sumir por uns tempos e se esconder na casa de uma tia. Os dois filmes levaram milhões de espectadores ao cinema. Natural de Niterói, o comediante fez da cidade o lar de sua mais conhecida personagem e sua família. Assim, pontos turísticos como a Fortaleza de Santa Cruz e o Museu de Arte Contemporânea saem de cena para dar lugar a cenários bem familiares para a população niteroiense, como a orla da Boa Viagem, o calçadão de Icaraí e o Campo de São Bento. O close na placa do táxi azul na hora em que Dona Hermínia vai embora de casa (no filme 1) não deixa dúvidas a respeito de onde vive a mãezona de Paulo Gustavo.
Cerca de duas décadas depois, os diários de Maria Mariana que inspiraram o livro, a peça de teatro e a série televisiva, chegam aos cinemas. O filme acompanha as quatro irmãs com idades que variam dos 13 aos 19 anos, e os típicos problemas de adolescentes: o primeiro beijo, a virgindade, conquistas, rompimentos, homossexualidade. A atualização para 2013 fala da explosão dos preços dos aluguéis no Rio pré Copa e Olimpíada, tem a internet e os celulares como elementos fundamentais na trama e ainda faz piada com a saga Crepúsculo. Tudo muito simpático, mas com aquela cara de tv que a grande maioria das grandes produções tem no atual cinema brasileiro. Tina, a irmã mais velha, mora em Niterói e garante várias cenas na cidade.
Prefeitura de Niterói já entregou, este ano, R$ 58 milhões para OS fazer a gestão…
Renato Cotta toma posse no MAE Alumni Hall of Fame da North Carolina State University…
Desembargador César Cury defende a mediação como a melhor solução para a resolução de conflitos Só este…
Do pátio do MAC, na Boa Viagem, descortina-se um leque de opções para o visitante…
Pinheiro Junior com a beca dos imortais da Academia Fluminense de Letras, no dia de…
A Rua Presidente Pedreira, no Ingá, mais uma vez vira um rio, mesmo quando a…