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Coluna do LAM

Niterói: os prós e os contras em 2019

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Exatamente a meia e noite e um segundo do próximo dia 1, Niterói pisará no ano eleitoral de 2020. Em 4 de outubro, 385 mil niteroienses poderão votar para prefeito e vereadores.

Aqui, alguns aspectos positivos e negativos da administração pública neste 2019. Um levantamento empírico, baseado em nossa percepção e na opinião de pessoas que ouvimos.

Pró – o programa Niterói Presente fecha 2019 elogiado pela maioria. O convênio do governo do estado com a prefeitura baixou significativamente os índices de violência que, até meses atrás, deixavam a população sitiada. Em dois anos foram feitas mais de 400 prisões.

Contra – a desordem pública. Calçadas ocupadas em toda a cidade por camelôs sem licença, ambulantes, carrinhos de supermercado que usam área pública como depósito, “puxadinhos” que engolem a calçada. Muitas motos e bicicletas usam a calçada como pista, ignorando pedestres, em especial idosos e crianças. A desordem pública causa indignação geral.

Pró – cultura. Com a inauguração de novos espaços como a Sala Nelson Pereira dos Santos e da criação de editais para a produção de cinema e vídeo e outros setores culturais, a cidade resgata o seu DNA.

Contra – inchaço de secretárias. Semana passada a prefeitura emplacou 55 secretarias (entre autarquias, empresas, fundações) a Regional do Cubango, Santa Rosa e Vital Brazil. De acordo com Gilson Monteiro, diretor deste site “a Prefeitura de Niterói tem mais órgãos com status de secretaria do que o dobro de Ministérios do Governo Federal. Tudo isso para contemplar os partidos políticos e vereadores, que empregam seus apaniguados e cabos eleitorais. Estes já somam mais de cinco mil pessoas em cargos comissionados, a maioria sem trabalhar.” Não satisfeita, a Câmara Municipal quer aumentar o número de vereadores dos atuais 21 para 25 já em 2020. Em 2019, vésperas do carnaval, os vereadores tentaram aumentar seus salários em 50%.

Pró – saúde financeira do município. Com uma gestão atuante, competente e ágil, a prefeitura fecha 2019 com as contas no azul. Os royalties do petróleo foram fundamentais, mas a sua aplicação e controle garantiram a necessária estabilidade econômica.

Contra – mobilidade. O trânsito de Niterói passou mais um ano engarrafado. Promessas de uma nova e moderna sinalização informatizada e aumento no contingente de agentes de trânsito não se confirmaram.

Pró – balneabilidade das praias. Icaraí, Flechas e Adão passaram boa parte do ano liberadas para banho, de acordo com o monitoramento do Inea, Instituto Estadual do Ambiente.

Contra – degradação dos quiosques da praia de Charitas que passaram mais um ano exibindo uma impressionante blindagem política que garante falta de higiene e aberração urbanística. A Praia de Itaipu continuou no abandono. Mais um ano se passou sem que a prometida urbanização acontecesse.

Pró – o crescimento da canoa havaiana como esporte náutico acessível a todos se reafirmou em 2019. Centenas de pessoas estão indo para o mar remar e, muitos, fotografar o belo litoral.

Contra – o fiasco da política para as bicicletas como transporte sustentável, tema que já é protagonismo na agenda eleitoral das principais cidades. Há anos a prefeitura prometeu dar prioridade ao sistema cicloviário e, para isso, criou até uma coordenadoria, a “Niterói de Bicicleta”. Milhares de pessoas acreditaram, compraram bicicletas e hoje correm risco de vida porque, mostram os fatos, a prefeitura parece ter abandonado a ideia. Faltam ciclovias e ciclofaixas, além de respeito dos motoristas e pedestres com quem pedala. Niterói conta, atualmente, com uma malha cicloviária de 40 quilômetros que, há anos, a prefeitura prometeu ampliar para 100 quilômetros, o que não aconteceu.

Pró – ponte Rio-Niterói. Até o dia 31 vão passar pela ponte Rio-Niterói perto de 29 milhões de veículos (em ambos os sentidos) e o número de acidentes foi baixo: 37, em novembro. As boas condições da via, o rápido socorro ao usuário e os radares de velocidade são as razões principais para a comprovada segurança da via.

Contra – a crescente degradação do Centro da cidade, em especial a avenida Amaral Peixoto. Até 1975 foi a principal avenida da cidade, mas com a fusão do Estado do Rio com a Guanabara, o Centro esvaziou e hoje a avenida reúne prédios fantasmas em péssimo estado, calçadas cheias de buracos, degradação humana generalizada.

Pró – as associações de moradores avançaram mais em 2019, utilizando a internet como ferramenta de comunicação. A pressão dessas entidades tem sido fundamentais na solução de problemas comuns ligados a todos os setores.

Contra – a invasão de eventos que prejudicam o Campo de São Bento como festivais de cerveja e de caminhões de comida (food trucks). Barulho, super lotação, barraquinhas, cadeiras, esquecem que é uma área de lazer e contemplação. Pequeno (o Campo foi subdimensionado) nos fins de semana fica saturado naturalmente com a presença de moradores da cidade. Com esses eventos toscos, o Campo se torna insuportável, o que é uma pena.

Pró – com 25 salas de cinema, Niterói está entre as cidades brasileiras que oferecem melhores opções de programação. Todas as salas são confortáveis e a maior delas, a do Cine Arte UFF, mantem uma excelente programação com ingressos a preços justos. O restante cobra preços absurdos e, com isso, o cinema por aqui perde muito público.

Contra – o aumento de quase 120% da população de rua em Niterói neste 2019. A maioria veio do Rio e arredores e vive sob as marquises do Centro, Icaraí, Ingá, Santa Rosa e São Francisco.

Luiz Antonio Mello

Jornalista, radialista e escritor, fundador da rádio Fluminense FM (A Maldita). Trabalhou na Rádio e no Jornal do Brasil, no Pasquim, Movimento, Estadão e O Fluminense, além das rádios Manchete e Band News. É consultor e produtor da Rádio Cult FM. Profissional eclético e autor de vários livros sobre a história do rádio e do rock and roll.

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