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Niterói gasta com shows enquanto deixa crianças com deficiência sem aulas

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Mães de crianças especiais protestam na porta da Escola Municipal Julia Cortines, onde faltam professores de apoio

No mesmo Campo de São Bento onde o prefeito de Niterói, Axel Grael, promoveu uma semana de shows em dezembro, contratando Fafá de Belém e uma dezena de artistas, a Escola Municipal Julia Cortines está sem professores para acompanhar crianças com deficiência.

Mães de alunos especiais protestaram na manhã de hoje, em frente ao Julia Cortines. Contaram que há mais de dois anos esperam pela contratação de professores de apoio para acompanhar seus filhos. A escola tem 20 mediadores para atender a mais de cem crianças autistas, com deficiência cognitiva ou outra necessidade especial.

Um pai disse que a Escola Julia Cortines só recebe esses alunos três vezes por semana, por meia hora, e obrigatoriamente acompanhados pelos responsáveis.

Desde agosto a Defensoria Pública do Estado cobra uma solução da prefeitura de Niterói. Baseada em um estudo feito pela UFRJ, a Defensoria concluiu que o município não cumpre nenhuma de suas próprias 19 metas para a Educação Especial. Entre elas, a meta de que deveria destinar cinco por cento do orçamento da Educação para a Educação Especial.

Depois de a Defensoria Pública advertir que “a inclusão não pode ser considerada, de forma rasa, apenas como acesso à escola”, mas sim um meio de “possibilitar o desenvolvimento da criança, seja na perspectiva social, seja em sentido intelectual”, a Secretaria de Educação de Niterói abriu concurso para professores.

A prova de seleção está marcada para o próximo domingo (25), com 171 vagas no magistério de nível médio, além de outras 20 em cargos de nível superior. Dentre elas, porém, o edital prevê somente 70 vagas para professor de apoio.

Os pais de alunos temem que os mediadores aprovados apenas venham a substituir os atuais 70 mediadores temporários, cujos contratos de 12 meses já estariam expirando. Dessa forma, a rede municipal continuará com o mesmo número insuficiente de profissionais para atender a educação especial.

Gilson Monteiro

Iniciou em A Tribuna, dirigiu a sucursal dos Diários Associados no Estado do Rio, atuou no jornal e na rádio Fluminense; e durante 22 anos assinou uma coluna no Globo Niterói. Segue seu trabalho agora na Coluna Niterói de Verdade, contando com a colaboração de um grupo de profissionais de imprensa que amam e defendem a cidade em que vivem.

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