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Coluna do LAM

Niterói está atolada no século passado

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Na vanguarda do atraso, Niterói permanece atolada no século passado. As razões estão no pesado e sofrido dia a dia da população que vê na internet e na mídia em geral que grande parte do mundo já vive uma outra realidade, mais humana, ecológica, saudável.

No quesito mobilidade (o certo é dizer imobilidade) Niterói está longe do razoável. Anos atrás a cidade sentiu um sopro de esperança quando as ciclo faixas começaram a ser feitas, sinal de que, finalmente, boa parte da população poderia trocar ônibus e carros por bicicletas, como acontece em todas as cidades evoluídas do planeta.

Bicicletas são uma excelente atividade física, não poluem o ar, não fazem barulho, não consomem combustível só que raramente a prefeitura faz uma ou outra ciclofaixa e as antigas estão num estado lamentável de conservação. Falta sinalização, faltam tachões, falta fiscalização, falta segurança.

Mesmo assim as bicicletas assumiram a ponta na cidade. Em todos os bairros o que mais vemos são as magrelas andando de um lado para o outro, de todas as cores, marcas, modelos, mulheres, homens, garotas, garotos, Zonas Norte, Sul, Centro, Região Oceânica. Eles resistem aos perigos da falta de locais adequados para a sua circulação. As ciclo fachas a todo instante são invadidas por carros, motos, carrocinhas, pedestres, que querem que se dane a cidadania. Muitos deles não são da cidade, não tem educação, respeito, não sabem nem do que se trata.

Aliás, o que a Polícia Militar está esperando para fazer uma limpa em motocicletas com condutores com garupa, sem capacete, sem camisa, descalços, com o silencioso arrancado e, muitas vezes, assaltando direto? Em Bogotá, capital da Colômbia, a prefeitura proibiu a circulação de motos com garupa por causa da quantidade de assaltos. A medida deu certo, dezenas de bandidos foram presos e a população pediu para a ordem permaneça em vigor. E permanece.

Niterói está atrasada também porque a iluminação pública, velha, defasada, não ilumina mais nada, o que é um brinde à bandidagem. Ainda usamos a luz âmbar (amarelada, que ilumina pessimamente, em postes velhos. O resto do mundo civilizado já usa, há anos, usam lâmpadas de LED superplatinadas que transforma a noite em dia, com o consumo muito mais baixo. Os bairros mais prejudicados, é claro, são os mais pobres.

A prefeitura pega 5% (em média) do que pagamos de luz para a Taxa de Iluminação Pública que, em tese, serviria para atualizar e manter a iluminação decentemente. A taxa está na conta de todo mundo, é só olhar. Só que, em 6 de janeiro de 2017, o repórter Igor Mello, do Globo-Niterói, denunciou na manchete: “Prefeitura de Niterói usa recursos vinculados à iluminação para custear outras despesas. Ninguém se mexeu e ficou por isso mesmo.

Niterói do século passado exibe perigosos e vexatórios sinais de trânsito velhos caindo aos pedaços. Em que gaveta foi parar o tal projeto de “sinalização inteligente”, monitorada por computadores, que já existe até nas piores cidades norte-americanas? Na chamada “esquina da limpa” o sinal abre um minuto e meio para a Gavião Peixoto e somente 30 segundos para a Álvares de Azevedo, a rua mais engarrafada do Brasil.

Por que “esquina da limpa”? Durante o dia é visitada por bandidos armados disfarçados de pedintes que limpam os carros aproveitando da lentidão do sinal e a ausência permanente de guardas de trânsito e da guarda municipal. Aliás, sabem aquele cronômetro regressivo que serve para o pedestre saber quanto tempo resta para atravessar? Todos apodreceram na cidade. Os idosos sentem muita falta e pedem que a Secretaria do Idoso (existe sim) peça por eles.

Chegou o carro elétrico. Alguém sabe se a prefeitura solicitou as construtoras que os prédios novos tenham tomadas nas garagens? Ou esqueceram desse detalhe? A bicicleta elétrica é mais uma realidade, sucesso total na cidade. A prefeitura orientou os condomínios incentivando a instalação de novas tomadas para que os moradores possam botar as magrelas para carregar? Sabe qual é o consumo de energia de uma bicicleta? Vinte e cinco centavos por carga com autonomia de 35 quilômetros.

Atraso ambiental (o século 21 da cidade é árido, seco, quente, sem árvores), atraso urbanístico, atraso na mobilidade, enfim, quando será que a administração pública de Niterói vai atingir, pelo menos, o ano 2000?

                                           @@@

@ Terça-feira houve um incêndio numa sala da tradicional Galeria Paz, no Centro. Minutos antes, nas imediações, houve vários picos de energia. Será que o consumo estava acima da demanda por falta de investimento da Enel?

@ A designer de interiores Adriana Andriole lançou a coleção de verão de seus belíssimos colares personalizados, feitos a mão, modelos inovadores que são um sucesso. Para conhecer a coleção é só clicar aqui

@ Um morador de Itaipu pegou um medidor de velocidade digital domingo e foi para o acostamento da estrada Francisco da Cruz Nunes. Uma picape Ford Ranger preta, placa de São Gonçalo, passou a 152 quilômetros por hora as seis horas da tarde, nas imediações do posto BR Grotão. Vários outros carros e motos passaram a 120, 140 km/h sem qualquer inconveniente porque não há nenhuma fiscalização.

@ Pouco a pouco a PM aumenta a quantidade de rondas na avenida Litorânea, entre o Forte do Gragoatá e a ponte da Boa Viagem. Com isso, aumentou o número de pescadores e de pessoas caminhando ou passeando de bicicleta à noite. Ação e reação.

@ Neste mês, recorde de público no Cine Arte UFF. Todas as sessões, de todos os filmes, superlotadas com gente do lado de fora. É isso aí! As belas salas do Planet Cinemas no shopping Multicenter na R.O. poderiam estar com muito mais público se investissem minimamente em divulgação. Não há sequer um painel anunciando o programa em frente ao shopping e muito menos anúncios baratos no Facebook e Instagram. Muita gente não sabe da existência desses excelentes cinemas. Pena.

@ Por que a prefeitura não planta milhares e milhares de árvores na cidade para termos de volta a proteção do verde contra a poluição, doenças e calor? Por que?

Gilson Monteiro

Iniciou em A Tribuna, dirigiu a sucursal dos Diários Associados no Estado do Rio, atuou no jornal e na rádio Fluminense; e durante 22 anos assinou uma coluna no Globo Niterói. Segue seu trabalho agora na Coluna Niterói de Verdade, contando com a colaboração de um grupo de profissionais de imprensa que amam e defendem a cidade em que vivem.

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