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Niterói divide com São Gonçalo rodovia estadual que parece mapa da lua

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O quebra-molas e a sombra da árvore escondem um buraco perigoso em frente à Andef, na Rodovia Prefeito João Sampaio

Niterói divide com São Gonçalo uma rodovia estadual, a RJ-100, que de tão esburacada mais parece o mapa da lua, dizem os motoristas que cruzam seus 13,5 quilômetros ligando Rio do Ouro a Tenente Jardim, passando por Maria Paula e outros bairros. Conhecida por muitos nomes (Estrada Velha de Maricá, da Paciência e Abdias José dos Santos), desde 2014 ela se chama oficialmente Rodovia Prefeito João Sampaio.

O ex-prefeito niteroiense, falecido em 2011, deve estar se remexendo no túmulo. Sampaio não merecia ser nome de uma estrada assim tão largada. Logo ele, que governou Niterói (1992/96) como um síndico exigente. Lembram seus assessores que João terminava o expediente tarde da noite fazendo uma ronda pelos bairros da cidade para cobrar de seus secretários o que estivesse faltando.

Antes de falecer, o arquiteto e urbanista João Sampaio trabalhou em 2011 na Secretaria estadual de Desenvolvimento Regional, Abastecimento e Pesca (Sedrap), onde desenvolveu um projeto de revitalização dessa rodovia. Inaugurada pelo governo estadual no início da década de 70, a estrada foi esquecida entre os dois municípios e acabou repassada à Prefeitura de Niterói, voltando a ser retomada pelo estado em 2013. No ano seguinte, projeto do deputado Felipe Peixoto foi sancionado pelo governador Pezão, dando o nome de Sampaio à RJ-100.

De lá para cá, o projeto de revitalização, que na época dispendeu R$ 17 milhões de recursos públicos, pouco passou de um recapeamento asfáltico que logo se deteriorou. De vez em quando, o Departamento de Estradas de Rodagem (DER-RJ) e, às vezes, a prefeitura de Niterói fazem uma operação tapa-buraco, mas não o suficiente para livrar a via da buraqueira perigosa, com potencial de causar muitos acidentes e estragos nos veículos.

Esquecido, esse importante corredor viário absorve veículos oriundos de São Gonçalo, Maricá e da Região Oceânica de Niterói em direção ao Rio de Janeiro. Segundo o decreto estadual 44.369/2013, a RJ-100 foi criada “para dar maior mobilidade urbana a uma região de grande densidade demográfica”.  Com 13,5 quilômetros de extensão, a rodovia passa pelas localidades de Tenente Jardim, Morro do Castro, Baldeador, Caramujo, Novo México e Maria Paula, com acesso à BR-101, no Barreto, e à RJ-106, em Rio do Ouro, além de se conectar com a RJ-104, em São Gonçalo.

Duas cidades

Movimentada pelo trânsito pesado de ônibus e caminhões, a Rodovia Prefeito João Sampaio marca a divisa entre Niterói e São Gonçalo, cortando ao meio bairros que têm seus limites nos dos dois municípios, como Maria Paula, Rio do Ouro e Várzea das Moças.

Segundo o jornalista Emmanuel de Macedo Soares, que pesquisava a história de Niterói, até 1890 os dois territórios eram um só. Naquele ano, Francisco Portela (então presidente do Estado do Rio) emancipou o distrito de São Gonçalo, que fazia parte de Niterói. A proposta era fazer da primeira uma cidade industrial e a segunda uma cidade agrícola. Mas de acordo com Emmanuel, Portela foi tirado do cargo um ano depois, e seu projeto não prosperou.

Esta seria a origem histórica das divisas não serem muito definidas. A conurbação que levou Niterói e São Gonçalo a ultrapassar os limites territoriais uma da outra fez praticamente suas fronteiras desaparecerem. Menos para a burocracia municipal, que de cada lado da RJ-100, por exemplo, fica a cargo de prefeituras diferentes, na maioria das vezes deixando ambas os seus munícipes insatisfeitos.

Gilson Monteiro

Iniciou em A Tribuna, dirigiu a sucursal dos Diários Associados no Estado do Rio, atuou no jornal e na rádio Fluminense; e durante 22 anos assinou uma coluna no Globo Niterói. Segue seu trabalho agora na Coluna Niterói de Verdade, contando com a colaboração de um grupo de profissionais de imprensa que amam e defendem a cidade em que vivem.

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