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Coluna do LAM

A invasão do Campo de São Bento

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Terça-feira última, dia 12, Gilson Monteiro publicou aqui neste site uma matéria alertando que “o Campo de São Bento, maior jardim público da Zona Sul de Niterói, está sendo devastado pelos frequentes eventos autorizados pela prefeitura para acontecer em suas alamedas.” Gilson lembra que “para os dias 22, 23 e 24 de junho já está marcada no Campo de São Bento mais uma edição do festival “Rota Gourmet”, que vai oferecer culinária de 15 países e 50 tipos de cervejas, segundo a DMC Produções, que organiza o evento com o apoio da prefeitura de Niterói.

Moradores de Icaraí aprovam a iniciativa, mas a maioria acha que esse tipo de evento deveria ser realizado no Estádio Caio Martins, onde não criariam problemas para a fauna e a flora do Campo de São Bento.”

Tirei a foto acima num dia de semana qualquer, quando estive no Campo para comprovar a ocupação perigosa daquele espaço público. A informação me foi passada por moradores da região, sob anonimato, pois temem represálias da prefeitura. Isso mesmo: medo de denunciar. Essa postura, digamos, receosa de muitos gera a impunidade e o abuso.

Como morador de Niterói a vida toda, vivenciei grandes momentos no Campo de São Bento, que ao longo do tempo se tornou muito pequeno para as necessidades de um bairro como Icaraí, invadido por prédios gigantescos, verdadeiro maná da especulação imobiliária.

Vamos a História. Em 1697, o terreno foi vendido aos monges beneditinos do Mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro, por isso ganhou o apelido de Campo de São Bento. Seu nome oficial é Parque Prefeito Ferraz.

A baderna no Campo também vem de longe, a começar pelo tamanho minúsculo: localiza-se entre a Rua Lopes Trovão, a Rua Domingues de Sá, a Avenida Gavião Peixoto e a Avenida Roberto Silveira, ou seja, um quintalzinho. Nos anos 1950/60 foi invadido pela barbárie arquitetônica que reúne o Colégio Estadual Joaquim Távora, o Centro Cultural Paschoal Carlos Magno, a Escola Municipal Júlia Cortines, a Biblioteca Estadual Infantil Anísio Teixeira e um Centro de Informações Turísticas na prefeitura. A cada prédio construído, mesmo que pequeno e “ingênuo” acentua-se a morte lenta do único parque da Zona Sul de Niterói.

Icaraí aumenta, a população aumenta, o IPTU aumenta e a área do Campo só diminui. Um quiosque aqui, uma feirinha ali, os hediondos food trucks com seus geradores ligados que não deixam ninguém dormir, tudo isso no maior e mais caro bairro da cidade. O que fazem a Câmara dos Vereadores e a Associação dos Moradores para conter a cada vez mais insana cobiça de gente que não tem nenhum laço afetivo com a cidade e com seus bairros, com a cumplicidade da prefeitura? O que fazem os moradores da região em defesa dessa que já foi uma bela área pública?

Revoltante.

Luiz Antonio Mello

Jornalista, radialista e escritor, fundador da rádio Fluminense FM (A Maldita). Trabalhou na Rádio e no Jornal do Brasil, no Pasquim, Movimento, Estadão e O Fluminense, além das rádios Manchete e Band News. É consultor e produtor da Rádio Cult FM. Profissional eclético e autor de vários livros sobre a história do rádio e do rock and roll.

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