“Por trás das palavras:…” é uma grande reportagem de quase 200 páginas, texto ótimo, objetivo, daqueles que a gente não consegue parar de ler. Cezar Motta, niteroiense que vive há décadas em Brasília, foi fundo na história do dicionário “Aurélio” e também de seu autor, Aurélio Buarque de Holanda (1910-1989).
Ele entrevistou dezenas de pessoas, muitas delas protagonistas da história. São escritores, acadêmicos, editores, jornalistas, políticos e empresários, um painel da intelectualidade do país, que participou ou testemunhou os dois momentos determinantes de Aurélio Buarque de Holanda e de sua equipe: a incansável busca por recursos para financiar o projeto – lançado em 1975 – e, mais tarde, a acirrada disputa pelos milhões gerados pelo sucesso de vendas.
“Aurélio” já vendeu 15 milhões de exemplares e “vou ver no Aurélio” era uma expressão corriqueira no Brasil. Particularmente, eu imaginava o Aurélio um homem extremamente formal, sentado em uma escrivaninha clássica em frente a uma estante de livros envernizada, ultra organizada. Nada disso.
Dos relatos à bordo do livro emerge a figura de um Aurélio romântico/boêmio, um caçador de palavras sem compromisso com prazos e custos. E também um homem preguiçoso, desorganizado e, por vezes, ardiloso, que desdenha do esforço de seus colaboradores. Todos, no entanto, reconhecem a genialidade do Mestre, como era conhecido, e sua cultura, memória e erudição. Um dos grandes, se não o maior filólogo do Brasil, de carisma inquestionável e membro da Academia Brasileira de Letras desde 1961.
Esperança e desalento se alternam ao longo dos capítulos ilustrados com imagens dos personagens e até de originais da obra, resultado de um abrangente trabalho de pesquisa. Cezar Motta ajuda a entender o que representou para o país o dicionário “Aurélio”, que se tornou sinônimo de seu criador e vice-versa. E conta ainda como um livro de referência se transformou no maior best-seller brasileiro de todos os tempos.
Por trás das palavras é um livro sobre ousadia, paixão e cobiça: paixão pelas palavras, ousadia em registrar e compartilhar os significados de centenas de milhares de termos e expressões da língua portuguesa, e cobiça pelo prestígio e dinheiro decorrentes do sucesso do dicionário.
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Cezar Motta nasceu em Niterói, em 1950. Foi criado em São Domingos e no Centro de Niterói, primeiro e segundo graus na cidade (GE Raul Vidal e Liceu Nilo Peçanha) curso de Jornalismo na segunda turma da UFF. Estagiário n’O Fluminense em 1969.
Trabalhou nas rádios Nacional e Jornal do Brasil, na TV Globo, na revista “Veja” e nos jornais “O Globo”, “Jornal do Brasil”, “Folha de S. Paulo”, “Correio Braziliense” e “Zero Hora”. Passou ainda pela Comunicação Social do Senado Federal. É autor de “Até a última página: uma história do Jornal do Brasil”.
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