O hospital de campanha para pacientes do Covid-19 que o Estado monta em São Gonçalo, gastando R$ 45 milhões pagos por Niterói e mais R$ 45 milhões de Maricá, custa o dobro do investimento feito em unidades de emergência semelhantes que estão sendo montadas no Rio de Janeiro com recursos da iniciativa privada, tendo cada uma 200 leitos.
Na segunda-feira (13/04), o Ministério Público estadual instaurou inquérito civil para analisar se os Poderes Executivo e Legislativo vêm mantendo a transparência legal relativa às contratações emergenciais, com dispensa de licitação, efetuadas por seus representantes em razão da pandemia do novo coronavírus.
O inquérito foi motivado pelo fato de a Secretaria estadual de Saúde haver tornado sigilosos procedimentos administrativos que se referem às contatações emergenciais. O MP investiga a contratação da organização social IABAS, que teria sido feita pelo Estado por R$ 835 milhões para construir e administrar 1.400 leitos de hospitais de campanha.
As prefeituras de Niterói e de Maricá foram autorizadas no início do mês pelas respectivas Câmaras de Vereadores a repassar, cada uma, R$ 45 milhões para o Fundo Estadual de Saúde. Os legislativos municipais deram o que se pode chamar de cheques em branco para os prefeitos assinarem convênios fazendo o repasse da verba para governo estadual bancar a montagem de um hospital de campanha em São Gonçalo.
Nenhuma das mensagens executivas que solicitaram autorização dos vereadores para o repasse descrevem ou justificam o gasto total de R$ 90 milhões com a montagem de um único hospital de campanha em São Gonçalo.
A instalação está sendo feita no campo de futebol do Mauá e a previsão é a de que comece a funcionar em maio.
Já os hospitais de campanha patrocinados pela iniciativa privada no Rio de Janeiro, custam a metade do previsto para montar o de São Gonçalo, apesar de terem o mesmo total de 200 leitos, cada qual.
Uma dessas unidades de emergência que a Rede D’Or patrocina na Capital fica no Leblon, em terreno do estado vizinho do 23° Batalhão da PM. Terá 200 leitos (metade deles de UTI, enquanto o de São Gonçalo prevê apenas 40 para tratamento intensivo), e contará com tomografia digital, radiologia convencional, aparelhos de ultrassom e ecocardiograma e laboratório de patologia clínica.
O investimento total no Leblon é de R$ 45 milhões, sendo R$ 25 milhões da Rede D’Or e o restante custeado pela Bradesco Seguros, Lojas Americanas, Instituto Brasileiro de Petróleo e Banco Safra em partes iguais.
Além desses hospitais de campanha de São Gonçalo e do Leblon, estão sendo instalados outros seis no Maracanã, Jacarepaguá, Complexo de Gericinó, Casimiro de Abreu e Campos, todos com 200 leitos, cada.
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