– O Kobra é um artista plástico extremamente talentoso, original e tem vários ótimos trabalhos em muitos países – disse Jorge Roberto, ressaltando, porém, que Oscar Niemeyer admitiu como única exceção seus desenhos minimalistas na lateral e na entrada do Teatro Popular.
Para o ex-prefeito, a prefeitura poderia “se esforçar para concluir o Caminho, pois faltam, ainda, o novo Terminal Rodoviário e a nova Estação das Barcas, que podem ser feitos com capital privado, já que é a iniciativa privada que os explora atualmente”.
Jorge Roberto lembra que, quando Niemeyer projetou o Caminho, que vai desde o que ele chamava de a Grande Praça (Teatro Popular, Memorial, Fundação e Catedral) até o MAC, passando pela Praça JK e o Museu do Cinema, além das gravuras na fachada do teatro admitiu como exceção o painel interno do Memorial Roberto Silveira. O próprio arquiteto foi quem pediu ao pintor e restaurador Cláudio Valério Teixeira para executar e acompanhou o trabalho de perto, sugerindo inclusive algumas modificações de formato e tamanho.
– Eu cheguei a perguntar a Niemeyer se havia projeto de mais intervenções pictóricas nas outras construções e ele me respondeu que o único prédio que pedia uma ilustração externa era o Teatro Popular e, internamente o Memorial. Nos outros, me disse, qualquer intervenção iria “afetar a arquitetura”. Sua vontade era ver os projetos e suas curvas em concreto pintados de branco. Niemeyer era muito detalhista e cioso de suas obras, não aceitando interferências excessivas, a ponto de ter projetado até mesmo as placas de inauguração do MAC, por exemplo. Oscar se preocupava com a iluminação das edificações dele. Ele me disse mais de uma vez que “a iluminação errada pode estragar todo um projeto”. A vontade do gênio foi sempre respeitada – conta Jorge Roberto Silveira.
O ex-prefeito de Niterói adverte que, se o muralista Kobra pintar um de seus grafites monumentais no Caminho Niemeyer, a prefeitura estará agredindo a memória do grande arquiteto e interferindo indevidamente em um conjunto arquitetônico que, mesmo ainda não estando pronto, já é reconhecido em todo o mundo”.
Jorge Roberto destaca reconhecer o talento de Kobra. “Eu conheci uma obra dele maravilhosa em São Paulo que é exatamente um gigantesco retrato do Niemeyer. Ele normalmente faz seus trabalhos em empenas de prédios comerciais e residenciais, o que altera a arquitetura desses imóveis. Só que esses prédios normais não têm nenhuma importância histórica ou arquitetônica. Tem vários edifícios na cidade que podem receber trabalhos do Kobra. Isto é uma coisa. Outra coisa é alterar a arquitetura da obra do maior gênio que o Brasil produziu em 520 anos. Caso se concretize – e eu espero que não – estará sendo cometido um crime contra a cidade, contra sua história, contra seu patrimônio e, claro, contra a sua população que é, afinal, a dona do Caminho Niemeyer”, conclui.
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