Depois da grita popular contra o “carro da multa”, o prefeito Axel Grael retirou da Câmara de Vereadores seu projeto de lei 98/2024. A mensagem executiva previa a “modernização do sistema de estacionamento rotativo” no município. Ela foi adiada para “sofrer ajustes no texto”, segundo sua justificativa. A concessionária Niterói Rotativo, porém, continua cobrando R$ 5,00 pelo período de duas horas, tarifa mais cara do que a do Rio de Janeiro, onde se paga R$ 2,00.
Grael teria sofrido pressão de Rodrigo Neves, que pretende voltar à cadeira de prefeito, e de alguns vereadores da base do governo para que o projeto somente retorne ao Legislativo depois das eleições. No dia 27 de junho ele já havia distribuído um comunicado pelas redes sociais dizendo que que “não autorizou a concessionária Niterói Rotativo a fazer qualquer tipo de fiscalização com carros”.
Na ocasião, Grael ameaçou romper o contrato com a empresa que explora 5.100 vagas rotativas nas ruas de Niterói, mas reclama de sofrer evasão de 42% de receita. Por isso, ela estaria testando o “carro da multa”. Um veículo sem identificação, dotado de câmeras para gravar a placa dos carros parados nas vagas, foi flagrado em Icaraí. Os dados gerados pelo sistema da concessionária seriam, em seguida, transmitidos para a prefeitura multar os veículos que não pagaram a tarifa.
Com a aprovação do projeto de “modernização do sistema rotativo” a concessionária poderá ampliar o negócio. A lei possibilitará que a empresa empregue menos guardadores, passando a cobrar a tarifa através de totens eletrônicos ou de um aplicativo.
Apesar de reclamar prejuízos, a concessionária já faturou no primeiro semestre deste ano R$ R$ 9.417.650,40, o que representa 29,25% a mais do que no mesmo período de 2023. Um percentual acima dos 25% de reajuste na tarifa que o prefeito Grael aprovou durante o último carnaval.
Entre outras facilidades, a Niterói Rotativo ocupa um imóvel público na Rua Paulo César 28, em Icaraí. O prédio deveria ser de uso da Seconser, a secretaria municipal responsável pela fiscalização da concessionária que, no ano passado, faturou R$ 15,5 milhões.
Cobrar pelo uso das vagas a concessionária pode. Quem estaciona nelas o faz por sua conta e risco, apesar de a Niterói Rotativo dizer que sua presença inibiria os chamados flanelinhas, acusados de extorquirem os motoristas.
A empresa não cobre furto ou danos a veículos estacionados em áreas de sua responsabilidade. O projeto de lei que agora está com a votação adiada pelo prefeito Axel Grael também desobriga o município dessa indenização.
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