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Coluna do LAM

Governantes odeiam o Rio porque não entendem o Rio

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Na foto de Custódio Coimbra, a restinga de Massambaba, área de proteção ambiental em Arraial do Cabo. Milícias invadiram a bela região e vendem casebres por R$ 7 mil, em prestações mensais de R$ 200,00. Na cara dos governos federal, estadual e municipal as “habitações” se multiplicam e avançam sem limites.

Joaquim Ferreira dos Santos, brilhante colega de várias ampulhetas transbordantes, consagrado cronista, escreveu no Globo segunda-feira sobre a morte do repórter Rogério Daflon, atropelado por uma motocicleta “enlouquecida” em Laranjeiras, em frente ao Palácio Guanabara. Escreveu o Joaquim (trechos):

“(…) É o bunker sombrio de onde reina um falso machão com faixa de louco ao peito e fuzil de mira telescópica procurando um alvo qualquer. Daflon sabia das coisas. Nada é pura coincidência. (…)

“(…) Nunca foi tão fácil morrer à toa. Há uma evidente autorização do governador de nome esquisito, que assistiu do palácio a morte de Daflon sem uma nota de pesar, para que a ignorância e a perda das referências culturais se alastrem como uma hera maldita. Semana passada, no mesmo dia da morte de Daflon, WW desligou 25 inibidores de velocidade. (…)”

“(…) O Rio de Janeiro já teve Garotinho, Benedita, Rosinha, administradores sem noção de seus afazeres. Dessa vez a violência da bandidagem tradicional junta-se a uma geração de políticos interessados em matar a cidade que eles não compreendem e, por isso mesmo, odeiam. Há o que tenta acabar com o carnaval, o outro que persegue culto afro-religioso e o outro ainda que, diante da impressionante multidão de mendigos jogados nas calçadas, orgulha-se de que não passam fome, não são esqueléticos como os de outros países. Euclides da Cunha dizia ser o nordestino antes de tudo um forte. Agora, o forte é o mendigo.(…)”

Joaquim conseguiu sintetizar essa treva que assola o RJ. Os boçais quando não entendem, odeiam. Foi assim com Lula, Dilma, Temer. É assim com Bolsonaro. O desgovernador já disse a que não veio desde o primeiro dia e o prefeito do Rio…enquanto escrevo leio que ele nomeou para o comando da Geo Rio um réu por homicídio por causa da queda da ciclovia Tim Maia fiscalizada pela…Geo Rio.

Sinto em torno do prefeito do Rio a neblina da perversão, a adoração em destruir a cidade que ele desmorona abertamente, em praça pública; as praças que ainda existem.

Foi certamente imensurável o gozo do desgovernador ao contemplar na primeira página do Globo de domingo (21-07-2019), uma foto de Cristóvão Coimbra de um belo ex-areal em Arraial do Cabo transformado em esculacho de sub habitações, mais uma ação das milícias que ocupam quase 10 mil hectares da Região dos Lagos. Vai ser a maior favela da América do Sul. Que maravilha, não é desgovernador? Devastação, armas, milícia, desmatamento, horror…que delícia ser “um falso machão com faixa de louco ao peito e fuzil de mira telescópica procurando um alvo qualquer.”

O desgovernador deixou claro, no dia 18 de abril deste ano, em entrevista a Rádio CBN: “Eu não acredito que a milícia seja a principal chaga do estado.” Sim, governador, a maior chaga do Rio é o Rio. A maior chaga do Rio somos nós.

O trio governador/presidente/prefeito do Rio ama o poder (os três já deixaram claro que querem se reeleger), mas tem nojo quase declarado, asco, horror de um estado que ama música, livros, cinema, teatro, carnaval. Para eles o Rio é a personificação do horror porque desde que nasceu tende a ser livre e ser livre “é atentado contra o seio familiar, contra a moral e os bons costumes”. Milícia pode, tráfico pode, gente morrendo largada no chão de hospitais públicos pode.

Simpatizantes do fundamentalismo evangélico e sua frenética compra venda de fé, se dizem cristãos. Não sei que bíblia esses três leem e pregam, simulando emoção de mãos dadas em rede nacional de TV ao lado de outros vendilhões de templos engravatados. Volto com o Joaquim Ferreira dos Santos (trecho):

“(…) Agora chegou a vez dos entregadores de iFood e suas bicicletas kamikazes tornarem o horário de almoço um novo espetáculo de insanidade. Não dá mais para andar distraído, esse requisito fundamental que uma cidade civilizada precisa oferecer a seus moradores. E foi assim, em meio ao estresse das ruas, que a fúria do trânsito atropelou sem prestar socorro o repórter urbanista cujo traço mais evidente de perfil era a leveza e os bons modos. (…)”

Provavelmente lendo manual de fuzis antes de dormir, revolver na mesinha de cabeceira, assistindo a exorcismos na TV.engodo.com.br, enterrando viva a arte e a cultura, os três celerados do apocalipse seguem a sua trilha de ódio, revanchismo, nojo, incompetência despejados sobre o Estado do Rio de Janeiro que cometeu, o sonho de querer ser livre, alegre e feliz, ou seja, crimes inafiançáveis pela ótica dos medíocres.

                                    @@@

@ Muito emocionante a homenagem que o jornalista Rodolfo Schneider, diretor da Bandnews FM, fez a nossa Rádio A Onda, que entrou no ar sexta-feira passada, dia 19, em www.radioaonda.com.br  . Que reconhecimento! Vindo dele, então, um mega talento…o que dizer mais?

@ Convido os leitores para que curtam essa rádio rock feita em Niterói, para Niterói e, também, planeta Terra, nessa ordem. www.radioaonda.com.br é sua!

@ Um forte abraço e meus profundos sentimentos aos familiares, amigos, colegas de Gabriel Monteiro de Barros, 31 anos, que essa semana morreu em consequência do acidente em voo livre com seu speed fly no costão de Itacoatiara. Um vento inesperado foi a causa. Gabriel era um piloto experiente.

Segundo a repórter Isabelle Villas Boas do jornal O Fluminense “Gabriel era uma pessoa muito querida e amável. Seu sorriso largo iluminava todos que estavam ao redor. Ele partiu fazendo o que gostava e aonde mais amava. Tenho certeza que seguiu para mais uma super missão. Vai deixar muitas saudades”, disse um familiar. Ao ser enterrado, sob fortes aplausos, familiares e amigos diziam muito emocionados: “Voa Gabriel!”.

Voa, Gabriel! Nas mãos de Deus!

Luiz Antonio Mello

Jornalista, radialista e escritor, fundador da rádio Fluminense FM (A Maldita). Trabalhou na Rádio e no Jornal do Brasil, no Pasquim, Movimento, Estadão e O Fluminense, além das rádios Manchete e Band News. É consultor e produtor da Rádio Cult FM. Profissional eclético e autor de vários livros sobre a história do rádio e do rock and roll.

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