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Furtos em série escancaram abandono da segurança pública em Niterói

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Coberto por uma capa amarela, um “metaleiro” ronda as ruas de Charitas atrás de objetos de alumínio

Nos últimos meses, moradores dos bairros de São Francisco e Charitas, em Niterói, têm enfrentado uma escalada alarmante de furtos de hidrômetros, canos, torneiras, peças de alumínio e outros objetos metálicos — crimes que ocorrem principalmente durante a madrugada, justamente após o “fim do expediente” do programa Segurança Presente nas ruas.

Na Rua Padre Natuzzi, por exemplo, três residências foram invadidas em três dias consecutivos. O padrão das ações revela que não se trata de casos isolados, mas sim de uma atuação sistemática de quadrilhas organizadas, muitas vezes vinculadas ao tráfico, que circulam livremente pela região com um único propósito: subtrair metais para revenda em ferros-velhos clandestinos.

Apesar de praticamente todas as ruas estarem monitoradas por câmeras de segurança, seus vídeos mostram que os bandidos conhecem a rotina local e se aproveitam da ausência de policiamento noturno para agir com impunidade.

A vulnerabilidade é ainda maior em ruas de casas, ao contrário das áreas de prédios, onde há algum controle de acesso às portarias. O silêncio da noite vira cúmplice dos criminosos, que invadem quintais e levam o que encontram sem serem incomodados.

O furto de hidrômetros, além do prejuízo que causa à concessionária Águas de Niterói – responsável pela reposição do medidor –, provoca prejuízos aos moradores e comerciantes que ficam desabastecidos até a resolução do problema. Outro ponto é a perda de água tratada. Como a maioria dos casos ocorre à noite, período de menor fluxo de pessoas nas ruas, até o cliente identificar o problema e entrar em contato com a concessionária, muita água é perdida.

Nos últimos dias, ladrões levaram hidrômetros das lojas Liberty e  Remax e do salão Mulher Carioca, na Rua Marechal Raul de Albuquerque. Mais três casas vizinhas também ficaram sem o aparelho e amanheceram com as calçadas alagadas.

Batalhão esvaziado

Por trás dessa onda de furtos, há um problema estrutural que não pode mais ser ignorado: o déficit de efetivo no 12º Batalhão da Polícia Militar, responsável por atender Niterói e Maricá — duas cidades que somam quase 700 mil habitantes. Atualmente, o batalhão conta com pouco mais de 600 policiais. Em 2015, esse número era o dobro. A redução drástica compromete a capacidade de resposta da corporação e deixa a população à mercê da criminalidade.

É inadmissível que duas cidades com tamanha relevância fiquem desprotegidas por falta de estrutura e contingente. A situação exige ação imediata do governo estadual. Cabe ao governador Cláudio Castro reconhecer a gravidade do cenário e investir no reforço do policiamento, com rondas noturnas efetivas e ampliação do quadro de agentes.

A população está exausta de viver com medo e de ver seu patrimônio ser levado noite após noite. A segurança pública não pode ser tratada como luxo — é um direito básico. Niterói e Maricá merecem respeito, atenção e proteção.

Gilson Monteiro

Iniciou em A Tribuna, dirigiu a sucursal dos Diários Associados no Estado do Rio, atuou no jornal e na rádio Fluminense; e durante 22 anos assinou uma coluna no Globo Niterói. Segue seu trabalho agora na Coluna Niterói de Verdade, contando com a colaboração de um grupo de profissionais de imprensa que amam e defendem a cidade em que vivem.

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