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Enquanto criminalidade cresce em Niterói as prisões em flagrante caem 27%

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O programa Segurança Presente prioriza presença visual, mas falta ser complementado com inteligência policial / Divulgação

A publicação dos indicadores criminais de maio de 2025 pelo Instituto de Segurança Pública (ISP) escancara uma dissonância preocupante na proteção do cidadão em Niterói. Em um momento em que os crimes patrimoniais — como furtos de bicicletas, em transportes coletivos e a transeuntes — seguem escalando, o número de prisões em flagrante registra uma expressiva queda de 27% em relação ao mesmo mês do ano anterior. Foram 126 autos de prisão em flagrante em maio de 2025, frente a 173 no mesmo período de 2024.

Diante das queixas sobre a segurança na cidade, a Prefeitura de Niterói investe R$ 15 milhões em 2025 para remunerar 170 policiais militares de folga por mês, por meio do Programa Estadual de Integração na Segurança (Proeis). Atualmente, o efetivo do 12º Batalhão conta com 150 agentes por dia. Também há 300 vagas mensais destinadas a policiais civis que atuam em Niterói durante o período de folga pelo Regime Adicional de Serviço (RAS). Ainda assim, moradores questionam a efetividade desses investimentos e cobram uma resposta das autoridades.

A política de reforço no policiamento ostensivo – tão alardeada pelo prefeito Rodrigo Neves – não tem conseguido impedir o avanço dos furtos, que já acumulam mais de 3 mil registros apenas entre janeiro e abril. A região atendida pela 77ª CISP, que abrange bairros populosos como Icaraí, Santa Rosa e Vital Brasil, por exemplo, apresentou aumento de 8% nos furtos no primeiro quadrimestre.

Ao comparar os últimos quatro anos, o declínio das prisões em flagrante é ainda mais acentuado: a cidade passou de 198 prisões em maio de 2022 para apenas 126 em maio de 2025, uma redução de 36,4%. Enquanto isso, delitos mais furtivos, silenciosos e de difícil repressão imediata avançam — sinalizando uma possível adaptação do modus operandi criminoso diante da previsibilidade das rondas ostensivas.

Fora do expediente

A queda nas prisões não pode ser analisada isoladamente. Ela precisa ser confrontada com o aumento dos registros de ocorrências e com a percepção de insegurança da população. A sensação que ecoa nas ruas — e que os dados respaldam — é de um esgotamento das estratégias tradicionais de patrulhamento.

Alvo de disputa política entre os governos estadual e municipal, o programa Segurança Presente acaba priorizando a presença visual, mas não está conseguindo prevenir ou reprimir crimes patrimoniais com eficiência. Enquanto agentes policiais se apresentam nas ruas com chamativos jalecos com o nome da operação, criminosos continuam agindo onde e quando os homens da lei não dão expediente.

Especialistas alertam que o Segurança Presente, com foco em patrulhamento a pé e visibilidade, precisa ser complementado com inteligência policial, investigação e participação comunitária. O que se vê, no entanto, é que apesar de a Prefeitura de Niterói bancar abonos para 300 policiais civis atuarem em plantões extras, as delegacias da cidade estão sucateadas e sem infraestrutura adequada. Para agravar, o Governo do Estado excluiu Niterói do plano de reformas das unidades policiais, que contempla outras regiões fluminenses.

Este cenário exige reflexão e reavaliação das políticas públicas de segurança. A eficiência de programas como o Segurança Presente precisa ser mensurada não apenas pela sua presença física nas ruas, mas por resultados concretos na prevenção e repressão qualificada ao crime. É hora de articular inteligência policial e investigação em uma resposta coordenada — sob risco de as ruas da outrora tranquila terra de Arariboia se tornarem cada vez mais inseguras.

Gilson Monteiro

Iniciou em A Tribuna, dirigiu a sucursal dos Diários Associados no Estado do Rio, atuou no jornal e na rádio Fluminense; e durante 22 anos assinou uma coluna no Globo Niterói. Segue seu trabalho agora na Coluna Niterói de Verdade, contando com a colaboração de um grupo de profissionais de imprensa que amam e defendem a cidade em que vivem.

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