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Embuste das ciclofaixas ameaça vida de ciclistas

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Muita gente em São Paulo chama o prefeito petista pelo apelido: Suvinil. Farejando voto no início do mandato ele mandou tacar o pincel na capital paulista criando faixas que, em tese, seriam usadas apenas por ciclistas, protegidos por vasta sinalização de cones, guardas e tudo mais. O objetivo é encerrar 2016 (ano de eleição para prefeito) com 400 quilômetros do que, espertamente, a prefeitura de lá chama de ciclovias. Na verdade, são ciclofaixas. 

Na burlesca prefeitura de Niterói, também petista até poucas semanas atrás, baixou o santo do oportunismo. Para faturar votos em cima dos ciclistas, patolou São Paulo: caminhões de tinta e pincéis ganharam as ruas e inúmeras ciclofaixas foram feitas na base do lufa-lufa. Seria até engraçado se não fosse trágico. Um ciclista que usa, por exemplo, a estrada Fróes corre risco de vida escancarado. Pintaram a ciclofaixa na pista da esquerda, mas não proibiram o estacionamento à direita. Os carros “se equilibram” acrobaticamente entre a ciclofaixa e os veículos estacionados. A qualquer micro vacilo, invadem a ciclofaixa onde está o pacato cidadão em sua bicicleta. 

Proporcionalmente, a cidade no mundo com maior número de bicicletas é Amsterdã, Holanda. São 97 para cada grupo de 100 habitantes. Com a crise do petróleo de 1973, os holandeses praticamente abandonaram os carros nos dias úteis e investiram em cicloVIAS (e não faixas) e vários outros tipos de transporte alternativo. O mundo desenvolvido foi lá ver como se faz mobilidade urbana com o uso de bicicletas. Se alguém da prefeitura de Niterói visitou a capital holandesa, não percebeu as ciclovias ou não entendeu bem o espírito da coisa porque o que temos por aqui é uma cusparada na cara do bom senso.   As ciclo sei-lá-o-quê conseguem indignar ciclistas, motoristas e pedestres. 

Quem anda por Niterói sabe que os acidentes envolvendo bicicletas aumentaram muito. Na noite de sexta-feira passada, grupos de ciclistas fizeram um protesto na calçada da Praia de Icaraí, na altura da Miguel de Frias apresentando uma série de revindicações. As ciclofaixas que pintaram pela cidade ameaçam a vida dos ciclistas, e irritam os motoristas (muitas ruas estreitas foram ainda mais reduzidas), enfim, para fazer à Bangu seria melhor não fazer. Mas aí entra o componente ilógico, sua majestade o voto. Muitos políticos acham que, mesmo assim, feitas nos olhos da cara, as ciclofaixas dão votos.

Será?

P.S. – Assim cavalga a humanidade. No final do século 19, o Rio ganhou os bondes elétricos. No século 20, os troleibus, também elétricos. Nos anos 70, auge da crise do petróleo, acabaram com tudo e só deixaram o ônibus poluindo o ar e mamando toneladas de petróleo. Hoje, inventam o VLT, que nada mais é do que um bonde modernoso. Dá para entender?

Luiz Antonio Mello

Jornalista, radialista e escritor, fundador da rádio Fluminense FM (A Maldita). Trabalhou na Rádio e no Jornal do Brasil, no Pasquim, Movimento, Estadão e O Fluminense, além das rádios Manchete e Band News. É consultor e produtor da Rádio Cult FM. Profissional eclético e autor de vários livros sobre a história do rádio e do rock and roll.

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