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Elton diz por que fechou o Steak

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“Não fugi, estou em negociação com meus credores”, diz Elton Furrier nesta sexta-feira (17/2) em entrevista exclusiva à coluna, revelando os motivos que o levaram a cerrar as portas do tradicional bar e restaurante Steak House, em Icaraí, Zona Sul de Niterói, há exatamente duas semanas atrás.

Elton aplaude a atitude dos funcionários que reabriram a casa, não fazendo qualquer objeção. “Pelo contrário, espero que tudo dê certo para eles e que consigam tocar a casa com honestidade”, afirmou o empresário, destacando também que era um dos poucos na cidade a repassar integralmente o dinheiro dos dez por cento da gorjeta para os garçons. Só não tem boas lembranças de três ex-empregados que usaram durante meses máquinas de cartão de crédito em nome de terceiros para desviar boa parte da receita do Steak House.

– A verdade é que administrei com o coração, nunca com a razão. Não fugi, estou em negociação com meus credores, principalmente com os proprietários do imóvel para ver se encontro uma forma em que tudo termine da melhor maneira possível – disse.

Começo da crise

“Nos últimos vinte anos tive que viver para pagar a dívida do restaurante. Há 12 anos implantei a entrega em domicílio no segundo andar da casa. Aconselhado por meu advogado e pelo contador permaneci com o mesmo CNPJ para as duas atividades, o que provocou o desenquadramento da empresa no Simples Nacional (tributação unificada de impostos estaduais e federais e de encargos sociais). Com a mudança para o regime de lucro presumido, ficou insustentável pagar os impostos, já que usava 17 máquinas de cartão vinculadas a um mesmo CNPJ. Nunca tentei burlar o fisco, mesmo pagando uma carga tributária insuportável para um comerciante que lutava com dificuldade”.

Roubo em domicílio

“Por azar meu, em outubro de 2012, um incêndio causado por um exaustor destruiu toda a estrutura do delivery montado no segundo andar. Tive que ficar durante cinco meses sem fazer entregas, que nos fins de semana correspondiam a 70% do faturamento do Steak. Mesmo assim, continuei mantendo os 80 empregados que me acompanham há anos, para isso tive que recorrer a bancos para manter a casa aberta. Logo após a reabertura do delivery, depois de cinco meses  de funcionamento, foi descoberta uma quadrilha montada por funcionários que utilizavam os cartões de maneira fraudulenta. Com máquinas em nome de esposas, filhos e parentes, desviavam dinheiro para as contas deles. Dois estão foragidos e um ainda teve a cara de pau de me processar na Justiça do Trabalho.”

Custos impagáveis

“Fora isso, o aluguel de R$ 30 mil, uma conta de luz de R$ 13 mil, consumo de água de R$ 12 mil, vale transporte de R$ 18 mil, mais o aumento dos encargos sociais porque perdi o Simples, somados à carga tributária (ICMS e Imposto de Renda), ficou tudo impagável. Fornecia, ainda, duas mil e trezentas refeições por mês para os meus funcionários. O preço da carne, meu principal produto, disparou, bem como os outros insumos básicos utilizados.

Nos últimos quinze meses, com a crise implantada no país e, principalmente, no Estado e em Niterói (onde mora grande número de servidores públicos), sofri com a queda do faturamento do almoço, na ordem de 40%, e no da noite, que foi maior ainda, de 60%. Crise provocada também pela falta de segurança nas ruas. Meu forte era a madrugada, como toda a cidade sabe.

Durante 18 anos não tirei férias nem folgas em fins de semana. Fiquei sem crédito e tive que comprar tudo à vista. Precisei vender o apartamento que eu tinha, por isso resisti até o dia 3 de fevereiro, quando fechei por esgotamento financeiro e de saúde. A conselho médico estou me recuperando em uma cidade do interior de Minas, pretendendo em breve voltar a Niterói, onde tenho uma legião enorme de amigos.”

Gilson Monteiro

Iniciou em A Tribuna, dirigiu a sucursal dos Diários Associados no Estado do Rio, atuou no jornal e na rádio Fluminense; e durante 22 anos assinou uma coluna no Globo Niterói. Segue seu trabalho agora na Coluna Niterói de Verdade, contando com a colaboração de um grupo de profissionais de imprensa que amam e defendem a cidade em que vivem.

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