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Coluna do LAM

Cinemas reabrem em Niterói, uma cidade apaixonada pela telona

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Ao longo desses meses de cativeiro, pijamõessob a brisa dos ventiladores, o aroma de naftalina perambulando por muitos lares, a salvação de muitos foram a Netflix, Amazon Prime e outros canais de streaming.

No passado, Luiz Severiano Ribeiro criou o slogan “Cinema, a melhor diversão”. Para muitos a sala escura, o ar-condicionado a 18 graus embalando beijos tórridos de casais anônimos, muitos proibidos (os casais, não os beijos tórridos), protegidos pelo sigilo cúmplice daquele templo de bom caminho, era mesmo a melhor diversão.

A boa notícia é que desde quinta-feira os cinemas de Niterói estão funcionando, para delírio de quem acha que viver é não ter a vergonha de ser feliz e que o melhor negócio é sair de casa. Caso de Demétrius, leitor que há sete meses não vê sua amada por causa da pandemia, e também pelo fato da moça, sua médica (proibida, Chernobil de jaleco), não ter a menor ideia de que existe neste planeta um mamífero tão apaixonado por ela. Demétrius nunca se declarou e quando a saudade apertava, níveis insuportáveis, ele corria para dentro do cinema para assistir filmes de alta densidade romântica, lacrimosos e onanistas. Afinal, “amor é como heroína”, escreveu Pete Townshend. (https://www.youtube.com/watch?v=_WjDpIv905s )

A pandemia enclausurou os sensatos e liberou os imbecis, mas essa é outra história. Conheço muita gente que ia ao cinema uma vez por semana (me incluo nessa plebe), em geral às segundas-feiras quando o preço do ingresso é menos escalpelante. Com a pandemia, ficamos desnorteados como paus de enchente em dia de dilúvio, batendo nas margens do aguerrido Rio Pomba no Noroeste no Estado do Rio.

Sei que muitos leitores aqui do site do amigo Gilson Monteiro são apaixonados por cinema. Afinal, niteroiense de boa cepa tem cinema correndo nas veias.

Aqui nasceu a primeira faculdade de cinema do Brasil, da UFF, criada em 1968 por Nelson Pereira dos Santos. Na sequência, nasceu um dos primeiros cinemas de arte do país, o Cine Arte UFF, referência até hoje.

Ao longo das décadas, as salas de cinema em Niterói viviam lotadas. Eram elegantes, espaçosas, nobres como o Odeon na Visconde do Rio Branco – a chamada Rua da Praia, que virou um esculacho urbanístico. Tinha um salão gigantesco, muita classe, muita sanca. Ao lado, o Eden. Em frente às barcas, o Central tinha o melhor (e mais gelado) ar-condicionado da cidade. As sessões por volta de meio-dia e meia eram lotadas. Muita gente saia do trabalho, almoçava por ali e depois entrava no cinema para um cochilo.

Em Icaraí tivemos o São Bento, o Icaraí e o Windsor, dentro do Trade Center. No Fonseca, Alameda e São Jorge; no Largo do Marrão, o pitoresco Mandaro. Enfim, foram muitas salas porque ir ao cinema era corriqueiro aqui na cidade.

O Reserva Cultural reabriu suas cinco salas com muitos clássicos. Confira a programação em www.reservacultural.com.br .

Destaque para a trilogia “A igualdade é branca”, “A liberdade é azul” e “A fraternidade é vermelha”, de Krzysztof Kieslowski. Outro destaque por lá é o classicão “Os Bons Companheiros”, de Martin Scorsese.

Arte UFF, confira aqui http://www.centrodeartes.uff.br/eventos/cinema/

A sala do Bay Market também reabriu: http://shoppingbaymarket.com.br/cinema.asp

De fato, cinema é a melhor diversão.

Luiz Antonio Mello

Jornalista, radialista e escritor, fundador da rádio Fluminense FM (A Maldita). Trabalhou na Rádio e no Jornal do Brasil, no Pasquim, Movimento, Estadão e O Fluminense, além das rádios Manchete e Band News. É consultor e produtor da Rádio Cult FM. Profissional eclético e autor de vários livros sobre a história do rádio e do rock and roll.

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