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A desordem pública generalizada nasce no acúmulo de impunidades. Carros parando em local proibido e estacionando até em frente a sede da prefeitura de Niterói (onde só são permitidos embarque e desembarque), ausência de guardas o que acaba provocando o caos no trânsito, abandono de bens públicos, unidades de saúde sem remédios e por aí vai. No final das contas não sobra nada no quesito civilidade.

A falta de educação e a sua maior cúmplice, a impunidade dos chamados agentes públicos, é a mãe do colapso administrativo. Um dos itens que infelizmente destacam Niterói é a barulheira infernal, a poluição sonora consentida pelo poder público em todos os bairros. Todos, sem exceção.

De manhã cedo, kombis tripuladas por “locutores” que berram em microfones se dizem compradores de ferro velho. Andam devagar, atrapalham o trânsito, o volume do som é insuportável e incomoda a todos, especialmente idosos e crianças. Há quem os defenda sob a velha alegação de que “eles estão trabalhando quando poderiam estar assaltando”. Menos, por favor. Menos. Eles poderiam, sim, comprar ferro velho se respeitassem o silêncio, um bem comum essencial e universal. Mas como sequer são molestados pelos agentes públicos, atravessam a cidade várias vezes por dia atormentando a vida dos pagadores de impostos.

Outras kombis, vindas não se sabe de onde, vendem ovos, queijo, vários produtos alimentícios sem qualquer controle de qualidade. Também usam alto falantes estridentes e locutores que se acham engraçadinhos. De novo o bom mocismo insiste em pregar que eles poderiam estar assaltando, roubando. Ora!

Andar nas calçadas é hábito para muitos motociclistas estimulados pela ausência do poder público, mas agora eles resolveram ir mais longe, cortando o cano de descarga para fazer muito barulho. Muito! Não são todos, é claro, mas são vários de todos os tipos e tamanhos de motos atormentando as pessoas apenas pelo prazer de sentir o poder do motor. Já perguntei a um guarda de trânsito sobre o que fazer na hora rem que um desses estava passando. O guarda disse “não é comigo”. Insisti: “é com quem?”. Ele foi franco: “não sei”.

Depois que a mal parida Constituição de 1988 deu amplos poderes aos municípios a chamada “coisa pública” virou a mais desrespeitada das rameiras. Antes, esses assuntos eram resolvidos pela polícia hoje são deixados para lá. Afinal, punir significa perder votos e a única coisa que parece interessar ao poder público é o inchaço de seu poder através do voto.

Por causa do caos no trânsito em todos os bairros, consequência da falta de guardas e de competência, carros buzinam incessantemente, dia e noite, infernizando a vida de todos. Icaraí, Fonseca, Ingá, Cubango, Santa Rosa, não há exceções na cidade do barulho, entregue a própria sorte.

Existe solução?

P.S. Danos causados pela poluição sonora:

Insônia; estresse; depressão; transtorno de ansiedade generalizada; perda de audição; agressividade; perda de atenção e concentração; perda de memória; dores de cabeça; aumento da pressão arterial; cansaço; gastrite e úlcera; queda de rendimento escolar e no trabalho; surdez.

Luiz Antonio Mello

Jornalista, radialista e escritor, fundador da rádio Fluminense FM (A Maldita). Trabalhou na Rádio e no Jornal do Brasil, no Pasquim, Movimento, Estadão e O Fluminense, além das rádios Manchete e Band News. É consultor e produtor da Rádio Cult FM. Profissional eclético e autor de vários livros sobre a história do rádio e do rock and roll.

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