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Chuva inunda ruas de Niterói e isola bairros da Região Oceânica

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Carros e ônibus que saem do túnel Charitas-Cafubá são desviados para a Rua Armando Lopes. Daí em diante, a Avenida Sylvio Picanço está inundada

A chuva que caiu na madrugada dessa sexta-feira (6) em Niterói deixou moradores da Região Oceânica isolados em suas casas, enquanto a prefeitura nada em petrodólares (este ano vai receber R$ 2,3 bilhões) e cobra um dos IPTU mais caros do país. No Engenho do Mato, a Rua São Sebastião mais uma vez virou um rio caudaloso. O mesmo aconteceu com a Avenida Sylvio Picanço, em Charitas, dificultando o trânsito do túnel em direção a São Francisco, que precisou ser desviado da orla para ruas internas do bairro.

No Engenho do Mato, operários da empreiteira que desde junho trabalham na obra de drenagem e pavimentação de ruas do bairro rural, somente conseguiram atravessar a São Sebastião em um trator (veja o vídeo), encontrando pelo caminho casas, carros e motos inundados. “Tem mais de meio metro de água, será que a máquina vai aguentar?”, diz um dos operários no vídeo.

Em Charitas, no outro extremo da milionária obra da Transoceânica, a rua de acesso e chegada dos túneis que ligam a Região Oceânica à Zona Sul de Niterói está alagada. Alguns carros que tentaram vencer a inundação acabaram enguiçados. Como paliativo, agentes da NitTrans estão desviando o trânsito para as ruas internas de Charitas até atingir São Francisco. Esse desvio pela Rua Armando Lopes é criticado por moradores. As ruas internas são estreitas e, além disso, para chegar a São Francisco os carros precisam trafegar em vias pela contramão.

Veja o vídeo. Só trator consegue passar pela Rua São Sebastião, no Engenho do Mato

O alagamento da Sylvio Picanço começou depois que a prefeitura de Niterói fez a garagem subterrânea de Charitas. A obra fechou os canais de drenagem pluvial para o mar. No ano passado, o problema se agravou assim que a NitTrans fechou um retorno da Sílvio Picanço. Ele servia para motoristas escaparem das enchentes por uma pista reversível no sentido contrário.

A União dos Síndicos de Charitas vai denunciar essa situação à promotora de Justiça Renata Scarpa, para que o Ministério Público estadual cobre providências à prefeitura.

Após cada enchente como a de hoje, as Secretarias de Obras e de Serviços Públicos não se mexem. Não mandam logo as máquinas para ajudar a escoar a água. No Engenho do Mato, as pessoas ficam isoladas sem poder ir trabalhar, comprar por delivery no mercado ou na farmácia e ficam até sem socorro médico, em caso de alguém passar mal.

Cobrar IPTU, prefeitura sabe

Esses problemas acontecem mesmo quando as chuvas não são muito fortes, como nesta madrugada. Mas a prefeitura de Niterói, que sabe cobrar o IPTU mais caro do país, não parece se importar com o drama de moradores que têm suas casas alagadas.

A cobrança do IPTU transborda nas caixas de correspondência dos niteroienses. Muitos deles surpreendidos com absurdos reajustes de mais de 50% no valor do imposto a pagar. Já são centenas de pedidos de impugnação de lançamento do IPTU majorado acima da lei inundando as mesas do Departamento de Tributação da Secretaria municipal de Fazenda.

Com mais de 60 secretarias, autarquias e empresas públicas, além de mais de seis mil cargos comissionados, a gestão do prefeito Axel Grael não funciona em benefício dos contribuintes. Niterói vive hoje só de marketing político. A cidade que no passado já foi a melhor em qualidade de vida, hoje vê sua população sofrer pelos péssimos serviços prestados pela administração municipal.

Gilson Monteiro

Iniciou em A Tribuna, dirigiu a sucursal dos Diários Associados no Estado do Rio, atuou no jornal e na rádio Fluminense; e durante 22 anos assinou uma coluna no Globo Niterói. Segue seu trabalho agora na Coluna Niterói de Verdade, contando com a colaboração de um grupo de profissionais de imprensa que amam e defendem a cidade em que vivem.

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