Está no mesmo ponto há mais de sete décadas, na Rua da Conceição 11. Enfrentou todas as crises econômicas e epidêmicas, tendo perdido ao longo dos anos todos os seus tradicionais vizinhos: a Leiteria Brasil, a Grand Joias, Pizzaria Italiana, Somar, Restaurante Monteiro, Luciu’s e a Tecelagem Amazonas. E mais, do outro lado da rua, a Sportiva, Farmácia Ponciano, Drogaria Barcelos, Riviera, Café Santa Cruz, Casa das Linhas e Palomar.
Por trás do balcão dessa loja há uma história de trabalho e de vida bonita. Alfredo Tauil, fundador da camisaria, era filho de libanês. Em 1931 vendia gravatas, abotoaduras de camisa, alfinetes e prendedores aos fregueses do Salão Elegante. Neste point da beleza masculina, os homens iam fazer a barba, aparar o bigode e o melhor corte e tintura para o cabelo.
Simpático e bom vendedor, logo conquistou a freguesia. Três anos depois comprou o imóvel do salão na Rua da Conceição. Conseguiu um financiamento do Banco Predial. Os diretores do banco eram seus clientes e conheciam seu histórico de trabalho e honestidade.
Foi aí que abriu a loja de moda masculina com o seu sobrenome. A Camisaria Tauil passou a ser frequentada pela alta sociedade e pelas figuras mais representativas da velha província, como os ex-governadores Amaral Peixoto, Roberto Silveira e Paulo Torres.
Com o tino para o comércio, Alfredo reservou um espaço da loja para atendimento a homens obesos, o que foi o maior sucesso.
Não tinha dia nem hora, Alfredo foi a sua loja até os 94 anos, cinco anos antes de falecer. Abria as portas até nos dias de carnaval para vender aos foliões serpentinas, confetes e lança perfume. Na época, a Rua da Conceição fervilhava de gente, sendo o local de maior animação da cidade.
Alfredo Tauil conseguiu formar os três filhos, seu xará Alfredo, médico; Marilda, advogada; e Luiz Antônio, administrador de empresas. Este segue o negócio do pai. Está há 50 anos no balcão da Camisaria Tauil, sem contar os anos que, ainda de calça curta, ia ajudar no atendimento aos fregueses nos dias de maior movimento do comércio e no mês do Natal.
Luiz Antônio Tauil, 71 anos, diz que se sente feliz em poder dar continuidade ao trabalho do pai e fazer a alegria de clientes antigos e fiéis às roupas clássicas que lhes dão conforto e bem-estar.
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