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Capoeira sem fronteiras: niteroiense leva a arte brasileira à Europa

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Mestre Branco abraçado com o italiano Fábio Soldi, que veio a Niterói receber a Corda Vermelha / Divulgação

Ele luta desde criança. O niteroiense Marcelo Tavares Pessanha, conhecido como mestre Branco, é um dos grandes nomes da capoeira brasileira. Há 25 anos, fundou o Grupo-Escola Regional Capoeira e desde então vem realizando um feito raro: expandir a prática desse esporte, que é simultaneamente luta, dança e jogo, para além das fronteiras nacionais, levando-o para cidades como Florença, na Itália, e Amsterdam, na Holanda.

Na celebração das Bodas de Prata do Grupo-Escola, realizada recentemente, a prefeita de Florença, Sara Funaro, enviou uma homenagem ao mestre Branco, reconhecendo seu papel fundamental na introdução da capoeira na cidade. A prática, segundo ela, tem contribuído não apenas para o esporte, mas também para a inclusão social, a saúde, a economia e o bem-estar da população florentina.

Nesse mesmo dia, o italiano Fábio Soldi — conhecido como Hiena — retornou ao Brasil para receber a Corda Vermelha, uma graduação de alto nível na capoeira. Apaixonado pela arte desde que a conheceu em Florença, Hiena veio se aperfeiçoar com o mestre Branco, e agora volta como símbolo do intercâmbio cultural promovido pelo grupo.

Outro destaque foi o papel da revista Comunità Italiana, dirigida por Pietro Petraglia, que tem sido essencial na divulgação da capoeira e na aproximação entre Brasil e Itália. A publicação contribui para fortalecer os laços culturais e esportivos entre os dois países.

Com 42 anos dedicados à capoeira, mestre Branco continua promovendo eventos de intercâmbio, batizados e trocas de cordas — cerimônias que celebram o progresso dos alunos ao longo do ano. Sua trajetória é marcada por paixão, disciplina e um compromisso inabalável com a valorização da cultura afro-brasileira.

Niterói é uma das cidades pioneiras a incluir a capoeira nas escolas particulares, com certeza graças a mestres como Branco, um apaixonado por essa manifestação cultural afro-brasileira.

Do rabo de arraia à meia lua

A capoeira surgiu no Brasil Colonial como uma forma de resistência dos africanos escravizados. Perseguidos pelos capitães do mato, os escravizados desenvolveram uma técnica de defesa baseada em movimentos corporais ágeis e golpes estratégicos.

 Para camuflar a prática — já que os senhores de engenho proibiam qualquer tipo de esporte — os capoeiristas cantavam e dançavam ao mesmo tempo que treinavam golpes potentes como o meia lua, o rabo de arraia e o au batido.

O nome “capoeira” provavelmente vem dos campos abertos e sem vegetação onde a prática acontecia. Mais do que uma técnica de combate, a capoeira era também uma forma de preservar a cultura africana e fortalecer os laços entre os praticantes.

Após a abolição da escravatura, a capoeira continuou sendo marginalizada e considerada criminosa até 1937, quando deixou de ser proibida pelo Código Penal brasileiro.

Hoje, é reconhecida como uma das maiores manifestações culturais brasileiras. Ela une esporte, arte, filosofia, dança e musicalidade — e é justamente a música que diferencia a capoeira de outras lutas. Para ser considerado um capoeirista completo, é preciso dominar não apenas os movimentos corporais, mas também os instrumentos afro-brasileiros como o berimbau, o atabaque e o agogô.

Em 2008, a Roda de Capoeira foi reconhecida pelo IPHAN como Patrimônio Cultural Brasileiro. E em 2014, a UNESCO declarou-a como Patrimônio Imaterial da Humanidade.

Gilson Monteiro

Iniciou em A Tribuna, dirigiu a sucursal dos Diários Associados no Estado do Rio, atuou no jornal e na rádio Fluminense; e durante 22 anos assinou uma coluna no Globo Niterói. Segue seu trabalho agora na Coluna Niterói de Verdade, contando com a colaboração de um grupo de profissionais de imprensa que amam e defendem a cidade em que vivem.

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