Mães que recorrem ao Getulinho em busca de um atendimento de emergência para os filhos em Niterói continuam sendo encaminhadas pelo hospital municipal para o estadual Alberto Torres, que fica em São Gonçalo. O sacrifício do deslocamento para outra cidade mostra uma triste realidade: o hospital infantil do Fonseca só funciona no marketing do prefeito viajante Axel Grael.
Apesar de a organização social de saúde Ideias, contratada pela prefeitura para fazer a gestão do hospital, já ter recebido este ano mais de R$ 58 milhões, o Getulinho presta somente atendimentos clínicos. E ainda por cima deixa seus profissionais de saúde com salários atrasados.
O mais grave é que o Getulinho não possui os equipamentos essenciais para um bom diagnóstico, como tomografia, ultrassonografia, Centro Cirúrgico Emergencial. Também não tem equipe de cirurgiões pediátricos, ortopedista e neurocirurgião para prestar um socorro especializado. A sua emergência dispõe apenas de Raios-X e exames de análises laboratoriais, além de oferecer internação clínica e CTI pediátrico.
Assim, o hospital estadual do Colubandê tem sofrido uma demanda maior de atendimentos encaminhados por Niterói. São crianças com apendicites, pneumonias ou até mesmo simples casos traumáticos.
O inacreditável é que, enquanto a OSS Ideias enche a burra com os milhões pagos pela Prefeitura de Niterói, o Hospital Estadual Alberto Torres vai ter que contratar cirurgiões pediátricos para poder continuar prestando uma assistência de ponta para as crianças niteroienses.
Outro absurdo é que a OSS Ideias, apesar de receber frequentes aditivos ao contrato original, deixa há 10 anos seus funcionários regidos pela CLT sem receber reajuste salarial, contrariando a legislação trabalhista.
Já os médicos do regime de Pessoa Jurídica, são contratados por uma outra empresa, a Nev Servic, mas até hoje não receberam o salário de outubro. Eles estão preocupados porque a nova direção do hospital não deu nenhuma previsão de quando sairá o pagamento.
Diante de tantas irregularidades que ocorrem no Getulinho, um grupo de profissionais indignados acha que está na hora de a Promotoria da Saúde do Ministério Público apurar onde estão sendo gastos os milhões pagos pela Prefeitura ao Instituto Ideias.
Fazem um apelo para que todas as crianças sejam atendidas na emergência do hospital infantil no Fonseca e não num outro longe de casa. Lembram os profissionais de saúde de Niterói que isto está sobrecarregando o atendimento prestado pelo Alberto Torres, que é referência em casos de politraumatismo na região.
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