O espaço era estreito para implantar a TransOceânica sem fazer desapropriações vultosas, retirando casas do caminho. O resultado foi o arremedo de via expressa construído às pressas para a “realização” ser levada aos palanques eleitorais. Para entrar de carro na garagem de casa, moradores dessa avenida têm que parar o trânsito, pois precisam fazer ao menos três manobras na pista estreita, como a coluna já mostrou. Os ônibus também precisam subir na calçada para entrar na avenida.
A obra do século, que o prefeito ex-petista Rodrigo Neves diz ter sido aguardada por Niterói nas últimas quatro décadas, também não deixou quase nada de calçadas na antiga Avenida Seis, onde o consórcio formado por uma empreiteira de Ricardo Pessoa, empresário réu da Lava-Jato, instalou junto ao meio-fio o piso tátil para guiar deficientes visuais. Mas depois teve que quebrar tudo diante do absurdo que cometera.
Em julho, um motociclista morreu depois de ter sido abalroado por um carro na Avenida Seis, onde outros acidentes se repetiram. Para os ciclistas, nada de ciclovia na estreita pista da Paulo de Mello Kale. Terão que pedalar suas bicicletas no meio da rua, arriscando-se a ser atropelados.
Esta obra de R$ 310 milhões, que os contribuintes niteroienses terão que pagar com juros e correção monetária pelos próximos 20 anos, está cheia de erros, tanto na construção das pistas seletivas para os chamados ônibus BHLS quanto pela falta de pontos de travessia para carros e pedestres ao longo de cerca de seis quilômetros. Os únicos locais previstos no projeto ficam a cerca de meio quilômetro uns dos outros.
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