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Arariboia dá feriado de araque a Niterói

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Emmanuel de Macedo Soares: ‘Erraram até o nome do índio, que era Araiboia e não Arariboia’

Niterói não foi fundada em 22 de novembro de 1573, como o prefeito Rodrigo Neves comemora hoje com uma série de discursos inauguratórios pela cidade. O município foi instalado em 11 de agosto de 1819. O historiador Emmanuel de Macedo Soares não cansava de repetir que “a data não significa absolutamente nada, nunca significou nada”, e provava o erro de datas por “a” mais “b” sem que a Câmara de Vereadores o corrigisse.

Agora, um projeto de lei dos vereadores Bruno Lessa e Bira Marques propõe apenas a extinção do feriado de 22 de novembro, mantendo-a como data comemorativa e como feriado municipal 24 de junho, dia de São João, padroeiro de Niterói. A justificativa é a de que o município tem feriados demais, que prejudicam o comércio e, por consequência, a arrecadação de tributos.

Mas a proposta em trâmite no Legislativo não considera o erro crasso que cravou 22 de novembro como a data da suposta fundação de Niterói. O saudoso colaborador da coluna, Emmanuel de Macedo Soares, esclarecia assim a balela:

A data não significa absolutamente nada, nunca significou nada. Dizem que foi o dia em que um cacique tomou posse das terras que os portugueses lhe deram, em 1573. Não foi. O dia foi 22 de outubro, mas copiaram o mês errado, numa época em que se lia e escrevia à luz de velas. E ele nem foi o primeiro a receber terras nesta banda oriental, foi o décimo nono. Trocaram o nome do rapaz, de Araibóia para Araribóia, sem nenhuma cerimônia e nenhum respeito. Depois disseram que nesse dia foi fundada a cidade de Niterói, invencionice alucinada de um semianalfabeto, sancionada por um prefeito paulista que mal sabia onde ficava o jardim de São João. Por fim surgiu um tipo de ufanismo que proclamava e ainda proclama de boca cheia que Niterói foi a única cidade do Brasil “fundada por um índio”. Do Brasil, das Américas, do Universo inteiro, incluindo os sistemas ainda não descobertos, porque isso de índio fundar cidade seria uma aberração da própria natureza indígena. Não há cidade sem câmara, sem juizados, sem cartórios, sem polícia, sem matriz, sem eleitores, sem arruamento, sem casas (ou foros, como preferem os juristas), sem povo, enfim. Niterói existe, como urbs, a partir de 11 de agosto de 1819, quando se instala o município”.

Gilson Monteiro

Iniciou em A Tribuna, dirigiu a sucursal dos Diários Associados no Estado do Rio, atuou no jornal e na rádio Fluminense; e durante 22 anos assinou uma coluna no Globo Niterói. Segue seu trabalho agora na Coluna Niterói de Verdade, contando com a colaboração de um grupo de profissionais de imprensa que amam e defendem a cidade em que vivem.

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