É o caso, de Pedro Adilson Bregua, que deixou o emprego no antigo Banerj para vender canjiquinha de milho, cuscuz de tapioca e bolo de aipim, todos feitos com coco segundo receitas da mãe dele. Com seu carrinho de doces estacionado sempre no mesmo lugar da Avenida Amaral Peixoto, conseguiu com muito esforço formar os filhos.
Pedro conta que a mãe, dona Edazima (amizade ao contrário), era exímia e premiada cozinheira em João Pessoa. Ela a Paraíba na década de 50 para casar com um português e montar uma cantina na Rua Barão de Mauá, que vivia cheia.
O interesse pelo forno e fogão estavam nas veias de Pedro Adilson. Desde 1984, na calçada do Edifício Sabin, mais conhecido como edifício da Sabiá Discos, de segunda a sexta, das 10h às 19h, ele ali está vendendo seus doces.
Ele e a mulher Maria da Conceição começam cedo, às 5h da madrugada, na produção da canjiquinha de milho, do cuscuz e do bolo de aimpim.
A procura pelos tradicionais doces é grande. Chova ou faça sol, Pedro está no ponto, vestido com seu jaleco branco e boné. Ele senta muito pouco no banquinho, bate papo com os fregueses enquanto comem o seu produto, conversando sobre os mais diversos assuntos da cidade ou do país.
O doceiro sempre consegue vender tudo. Mas quando acontece de haver sobra, seu espírito bondoso sempre encontra uma alma perdida pelas proximidades, doida para saborear os doces cuja receita da mãe é um segredo que Pedro não revela a ninguém.
— A minha vida está aqui nesta movimentada Avenida Amaral Peixoto. Como hoje a expectativa de vida das pessoas é cada vez maior, pretendo trabalhar ainda por mais uns vinte anos, porque aqui é que me sinto realizado – diz Pedro Adilson.
O vendedor presta atenção em tudo o que acontece a sua volta. Diz que antes, com a música alta tocada na loja da Sabiá Discos, “não dava para perceber a reação ou ouvir o burburinho das pessoas que passam em grande quantidade por aqui, discutindo, brigando ou em um bate papo descontraído”.
Nos fins de semana, quando não está trabalhando diz que “sente falta do barulho de tudo, dos ônibus, carros e motos, mas principalmente do contato com gente de todas as camadas da sociedade, da mais rica a mais pobre que vejo passar diariamente na minha frente”.
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