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A agonia do Hospital Antonio Pedro

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No início da semana, mais uma pá de cal foi jogada na lenta agonia do Hospital Universitário Antonio Pedro, em Niterói. O diretor do Huap, Tarcísio Rivello, confirmou à repórter Lislane Rottas de O Fluminense que há um mês a unidade não mais realizada cirurgias cardíacas e transplantes renais por falta de médicos dessas especialidades. Nem mesmo com sua administração entregue à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) o Antonio Pedro conseguiu melhorar de saúde, como prometeram os defensores da terceirização do hospital universitário.

Com a diminuição de 40 leitos, Rivello disse que, “infelizmente, quem vai sofrer é a população. O que eu puder fazer para minimizar essa situação eu vou fazer. Eu gostaria de pedir às pessoas que procurarem o Huap que tenham um pouco de paciência, pois estamos passando por um momento muito difícil, contudo, eu ainda tenho a esperança que toda a situação vai melhorar. A crise está instalada em todo o país e aqui não foi diferente”.

A população de Niterói não suporta mais tanto descaso e abandono, também na área de saúde. Em 2013 o Hospital Santa Cruz fechou e a cidade perdeu 300 leitos. Meses depois fecharam as portas o Centrocardio e o Procordis. No caso do Santa Cruz (dívida de R$ 110 milhões) e Procordis chegou a haver um sopro de esperança, quando em 2015 o Governo do Estado fez promessas de ajudar a reabrir as unidades, mas infelizmente foi alarme falso.

A Prefeitura de Niterói nada fez.

O Antonio Pedro fez história no Brasil durante anos, quando manteve uma das mais conceituadas emergências do país. Por lá passaram grandes médicos que enchiam de orgulho (e segurança) a população e os estudantes de medicina da outrora poderosa Universidade Federal Fluminense, dona do hospital, que lá faziam internato e residência orientados por mestres conceituadíssimos da medicina brasileira. O Huap foi o anjo de guarda não só de Niterói, mas também de São Gonçalo, Itaboraí e vários municípios que tinham nele a tábua de salvação.

Mas, por razões subjetivas, a emergência foi fechada, deixando Niterói e vários outros municípios largados. Chamo de “razões subjetivas” a decisão do hospital de se tornar um centro de doenças de alta complexidade e lacrar a emergência que, repito, tornou o hospital referência nacional ao longo de décadas.

A partir de então todas as urgências passaram a ser encaminhadas para o Hospital Azevedo Lima, no Fonseca, que cumpre heroicamente a sua missão, apesar da superlotação e das quase sobre humanas condições de trabalho dos profissionais. Para lá são levados baleados, acidentados, a chamada barra pesada. Por falta de hospitais em Niterói, sobra para o Alberto Torres, em São Gonçalo e para a rede pública do Rio.

Até quando a saúde de Niterói ficará na UTI do descaso?

Luiz Antonio Mello

Jornalista, radialista e escritor, fundador da rádio Fluminense FM (A Maldita). Trabalhou na Rádio e no Jornal do Brasil, no Pasquim, Movimento, Estadão e O Fluminense, além das rádios Manchete e Band News. É consultor e produtor da Rádio Cult FM. Profissional eclético e autor de vários livros sobre a história do rádio e do rock and roll.

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