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500 mil árvores em Niterói. Utopia? Sim, eu sei.

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A Organização Mundial de Saúde determina como meta mínima o plantio de uma arvore para cada habitante de uma cidade. Segundo ela, a quantidade mínima é de 12 m² de área verde por habitante, e a ideal é de 36 m², cerca de três árvores, por morador. No mundo, a referência é Estocolmo: são 86 metros quadrados de área verde por habitante.

Em Niterói o plantio 500 mil árvores seria fundamental, já que a população está em torno de meio milhão de habitantes. Utopia? Sim. Por que? Porque a incompetência da prefeitura também na área ambiental é visível, basta dar uma volta pela árida e seca cidade. A ironia é que agora a cidade está sendo governada, em tese, pelo Partido Verde, do ex-petista prefeito.

Niterói está mais quente, o ar mais sujo, pesado, está chovendo muito menos. Faltam árvores, falta fiscalização para autuar ônibus, caminhões, vans, picapes que vomitam óleo diesel dia e noite sem qualquer impedimento. Falta compromisso com a natureza.

Sei que prego no deserto, mas ficar quieto é pior. Nova York, com seus mais de oito milhões de habitantes, conseguiu cumprir a meta de plantar um milhão de árvores em novembro 2015 (primeira fase), dois anos antes do previsto lá em 2007, pelo projeto MillionTreeNYC, lançado pelo ex-prefeito Michael Bloomberg.

O jornal curitibano Gazeta do Povo publicou, há tempos, uma ótima reportagem sobre a importância das áreas verdes intitulada “Uma árvore por habitante, a recomendação mínima da OMS para as cidades”.

Na matéria de Fabiane Ziolla Menezes, a engenheira agrônoma e diretora de produção vegetal da Secretaria de Meio Ambiente de Curitiba, Erica Mielke, defende que a arborização de uma cidade precisa ser bem planejada. “A arborização é algo de longo prazo, por isso o olhar técnico é tão importante. Quando alguém planta uma árvore por conta própria, dificilmente consegue ver como ela ficará daqui quatro ou cinco anos(…). “Árvores que há anos eram vistas como adequadas para a paisagem de Curitiba, não são mais. As calçadas estão mais estreitas, os prédios mais altos, e assim por diante”.

Por isso, Erica não recomenda que os cidadãos saiam por aí plantando árvores. O conselho é ligar para o 156, o serviço de atendimento ao cidadão da prefeitura. “As solicitações são enviadas até nós e são avaliadas. Se atendido o pedido de plantio de uma árvore, por exemplo, o cidadão terá gastado apenas um telefonema”. Todos os meses, segundo a diretora, a prefeitura planta uma média de mil mudas na cidade, seja por demanda da população ou por iniciativa da própria da prefeitura.

Já pensou se a prefeitura de Niterói tivesse um serviço desses, uma espécie de disque-árvore ou coisa parecida? Só que a obtusa visão de ambientalismo por lá se resume a bicicleta. Claro, seria sensacional se Niterói tivesse uma vasta rede de ciclovias (e não essas bizarras ciclofaixas), combate à poluição, plantio constante de árvores, criação de parques em áreas ainda possíveis como a Região Oceânica, tratamento preferencial para bairros como Barreto, Fonseca, Ponta D’Areia, Centro e arredores, carentes de tudo, inclusive de árvores.

Sonhar é preciso. Viva Curitiba!

Luiz Antonio Mello

Jornalista, radialista e escritor, fundador da rádio Fluminense FM (A Maldita). Trabalhou na Rádio e no Jornal do Brasil, no Pasquim, Movimento, Estadão e O Fluminense, além das rádios Manchete e Band News. É consultor e produtor da Rádio Cult FM. Profissional eclético e autor de vários livros sobre a história do rádio e do rock and roll.

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