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Quando os guardas de trânsito eram PMs

Escrito por Luiz Antonio Mello às 11:33 do dia 24 de março de 2017
Sobre: Cidade parada
24mar

Desde a fundação de Niterói, em 1573, nunca o trânsito da cidade esteve tão ruim como hoje. Ruim é elogio. Niterói está parada de manhã, tarde, noite, em Icaraí, Centro, Fonseca, Barreto, Santa Rosa, São Francisco, Região Oceânica. Uma experiente raposa da política local me disse que o prefeito é apologista do “falem mal, mas falem de mim” e, sinceramente, não sei como ele chega pontualmente ao trabalho com o trânsito nesse estado.

Achava que a questão do trânsito por aqui é pura incompetência. Errei. Não é incompetência. É lambança, desleixo absoluto com aqueles que pagam rios de impostos. E todo mundo sabe que o caos atual tem uma razão principal: falta de guardas. Nos últimos dias precisei enfrentar a Ary Parreiras de manhã cedo e estava tudo parado porque não há guardas no cruzamento com a Roberto Silveira. Havia em apenas um dia, mas ele estava falando ao celular as gargalhadas enquanto o buzinaço imperava. Coisas da impunidade.

Tempos atrás mudaram as leis. A PM, que organizava o trânsito nas cidades, foi substituída pelos placebos, que nem de guardas são chamados. Preferem a alcunha de “agentes de trânsito”. Já os PM todo mundo respeitava porque eles podiam prender. Além de guardas de trânsito (usavam quepes brancos) eles agiam como policiais em caso de assaltos e outras ocorrências nas imediações. As cidades como Niterói só ganhavam. Hoje, com essa horda que ainda por cima é cheia de marra, Niterói assiste a inapetência profissional se unir a falta de respeito, desconhecimento de causa e anemia funcional. Tudo ao mesmo tempo. Quanto a volta da PM ao trânsito é um delírio já que ao Legislativo brasileiro só interessa a decadência social, que gera votos.

Como acho que a culpa não é de quem faz e sim de quem deixa fazer, pergunto: 1 – Por que retiraram tantos “agentes de trânsito” das ruas da cidade?: 2 – Quem os treina, o que eles “aprendem” caso haja algum curso antes de serem despejados nas ruas com o título de autoridades?

Ao prefeito de Niterói (segundo lugar na última eleição; perdeu para nulos, brancos e abstenções) tinha vontade de perguntar muitas coisas a respeito do trânsito que o PT, partido que o lançou na política em 1997, batizou de “mobilidade urbana”. Por causa da Lava Jato ele se mudou para o PV ano passado. Desisti de perguntar porque não sei quando o prefeito voltou a Niterói. Ia tentar agendar uma entrevista quando soube que ele viajou antes do carnaval, e férias, para o Rio Grande do Norte e no último dia 13 estava em Petrópolis. Não sei quando voltou, mas sei que a cidade ficou acéfala já não tem vice e o presidente da Câmara dos Vereadores não assumiu.

O inédito caos no trânsito que sentimos na carne hoje em Niterói não é culpa da falta de dinheiro, já que o prefeito quer municipalizar museus que pertencem ao Estado e fazer uma famigerada parceria público privada para maquiar o Mercado São Pedro. Ou seja, dinheiro há. Atento as suas prioridades esquece que, além de prejuízos profissionais, danos a saúde da população e toda a sorte de moléstia, o caos no trânsito agrava a crise econômica. Ônibus, caminhões, vans, carros e motos gastam 12% mais de combustível no enlouquecedor para e anda dos engarrafamentos crônicos.

Como disse um filósofo popular num bar da Amaral Peixoto “o prefeito mata a cidade e vai ao cinema na maior traquilidade”.

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Luiz Antonio Mello
Jornalista, radialista e escritor, fundador da rádio Fluminense FM (A Maldita). Trabalhou na Rádio e no Jornal do Brasil, no Pasquim, Movimento, Estadão e O Fluminense, além das rádios Manchete e Band News. É consultor e produtor da Rádio Cult FM. Profissional eclético e autor de vários livros sobre a história do rádio e do rock and roll.
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6 thoughts on “Quando os guardas de trânsito eram PMs

  1. Quem observar o trabalho destes tais agentes de trânsito, verá que as únicas coisas que fazem, além de falar ao celular, é acionar o ensurdecedor apito, cada um no seu ritmo, tal qual mestres de baterias de escola de samba, e agitar os bracinhos. O estresse que causam a moradores e pedestres, é íncalculável. Certa vez, estava parado junto à faixa de segurança na Gavião Peixoto, aguardando para atravessar, com um desses agentes bem ao meu lado. Quando o sinal ficou vermelho para os carros, ele não teve dúvida: apitou com toda força para que os carros parassem – será que os motoristas não sabem disso? Meu ouvido zuniu! Ao comentar com o tal sujeito que este apito incomoda pedestres ao redor, ele não hesitou em responder: “Meu trabalho é organizar o trânsito, não estou nem aí para os pedestres.” Como se vê, esses tais agentes não têm a menor ideia do objetivo de seu trabalho e de como realizá-lo. Não estão ali para tentar resolver os problemas, são apenas robotizados para fazer sempre a mesma coisa, sem nenhuma espécie de senso crítico. A presença ou não destes caras não faz diferença alguma para o trânsito, mas sua ausência certamente contribuirá para a redução da poluição sonora na cidade.

  2. Niterói conta com cerca de 30 agentes de trânsitos da NitTrans concursados e com poder de autuar as infrações. A participação da GM é discreta com menos de 20 agentes. Devido às escalas de trabalho e situações comum ao trabalhador como, férias, lisensas, etc, acredito que a cidade deve ter, no máximo, uns 15 profissionais aptos para organizar o trânsito com alguma competência e, quando necessário, autuar os infratores. A maioria dos “agentes” que vemos pelas ruas NÃO SÃO AGENTES, MAS OPERADORES DE TRÂNSITO, terceirizados e contratados através da empresa TRANSLAR que, diga-se de passagem, está afundada até o pescoço em falcatruas. De acordo com determinações do DENATRAN, um município deve ter 1 agente de trânsito para cada 1500 veículos. A frota de Niterói atualmente é de 250.000, o que representa aproximadamente 1 veículo para cada 2 habitantes. Façam as contas e verão que a cidade deveria ter diariamente atuando nas ruas cerca de 170 agentes. VIVEMOS NUMA BARBÁRIE MOTORIZADA e, pelo visto, a atual administração não está nem um pouco empenhada em reverter este quadro.

  3. Aplausos…
    Enfim alguem se digna a comentar o transito de Niteroi!!!!
    Sim Niteroi unica cidade do Brasil onde para se chegar em casa depois de um dia cansativo de trabalho, a pessoa tem que visitar o bairro vizinho pois tem o seu direito de ir e vir bloqueado pela incompetencia dos ditos controladores do transito, e com um agravante.: depois de estacionar seu carro numa garagem paga, sim, paga pois todos tem o direito de estacionar seu veiculo na rua onde reside, mas!!! Na rua Gavião Peixoto onde resido, ñ tem vagas para estacionar e a Nittrans ñ concede o direito de estacionar na rua mais proxima, e mais: correndo o risco de ser atropelado pois para atravessar a rua Miguel de Frias na confluencia com a Gavião Peixoto é quase um suicidio pois eles se negam a colocar um semaforo ali, e assim vamos vivendo… Aplausos.

  4. Me lembro de um que ficava em frente ao Abel que era por todos respeitados e sempre com expressão tranquila controlava o transito. Agora tem alguns agentes que procuram fazer seu trabalho mas grande parte parecem desorientados.

  5. Esses agentes trânsitos não tem um dia que se passe pela maioria é eles não estejam grudados ao celular.
    Muitas das vezes o trânsito caótico e eles não estão nem aí!
    Só tem uma coisa que eles fazem muito bem, multar !

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