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Estações da Transoceânica deixam passageiros em pé e sentindo calor

Escrito por Gilson Monteiro às 12:35 do dia 19 de fevereiro de 2020
Sobre: Obra milionária
19fev
Estação BHLS do Engenho do Mato

Passageiro senta em um ressalto da parede para esperar ônibus na Estação do Engenho do Mato

Apesar de a obra da Transoceânica ter custado R$ 420 milhões, o corredor expresso feito para os ônibus BHLS é mais um estorvo para o trânsito da Região Oceânica. Pouco faz para melhorar o transporte público.

As estações do Engenho do Mato e a de Charitas funcionam precariamente, sem cadeiras ou bancos, sacrificando principalmente idosos e deficientes físicos que ali precisam esperar por um ônibus.

O ar refrigerado está desligado e o banheiro, além de ser de tamanho mínimo, é utilizado apenas pelos motoristas e despachantes das empresas do consórcio. Eles ficam com a chave, alegando que compram o papel higiênico e fazem a limpeza do sanitário. Os painéis eletrônicos que indicariam o tempo para a chegada de um ônibus à estação também não estão funcionando.

Apenas 11 ônibus da linha Oceânica 2, Itaipu x Charitas, trafegam por todo o Corredor Viário. Já os da Oceânica 3, ligando o Engenho do Mato, com 14 veículos, entram e saem do corredor, circulando em parte do percurso.

Antes de ser preso pela Operação Alameda, Rodrigo Neves abriu uma licitação para a compra 40 ônibus elétricos. Os veículos seriam cedidos pela prefeitura de Niterói, em regime de comodato, ao Consórcio Transoceânico, que opera as linhas de ônibus entre a Região Oceânica e o Centro.

Com a detenção do prefeito, o então presidente da Câmara de Vereadores, Paulo Bagueira, assumiu o Executivo no dia 10 de dezembro de 2018. Em janeiro, cancelou a licitação. O preço total estimado era de R$ 51.960.000.

Agora em 2020, Rodrigo Neves está retomando a licitação para a compra dos 40 ônibus elétricos.

Estações x abrigos

O projeto original da milionária obra da Transoceânica previa 13 estações de transbordo. Foram feitas apenas as do Engenho do Mato e a de Charitas. Depois, o prefeito Rodrigo Neves abriu nova licitação para a construção de outras onze.

Apesar de ser uma obra para a implantação de um corredor expresso para ônibus, a construção de outras 11 estações, segundo alegou a prefeitura de Niterói, não estava incluída no primeiro contrato e foram licitadas à parte. Inicialmente seria uma concorrência internacional, com custo previsto de R$ 36.711.620,07.

O TCE-RJ identificou um sobrepreço de R$ 10.987.930,30 no edital e de R$ 4.642.373,25 em um termo aditivo. A prefeitura precisou refazer a concorrência pública, mas alterou o projeto original. Em vez de onze estações, mandou construir onze abrigos, pagando cerca de R$ 950 mil por cada um.

O “chefe”

A construção da Transoceânica estava prevista para custar R$ 320 milhões, mas com os aditivos já está em R$ 420 milhões. Ela foi contratada pelo prefeito Rodrigo Neves a um consórcio integrado pela Constran, empresa do grupo UTC, do empresário Ricardo Pessoa condenado pela Operação Lava-Jato. O empreiteiro, dias antes de ser preso pela Polícia Federal, telefonou para Rodrigo Neves, a quem chamava de “meu chefe”, e recebeu convite para almoçar em Niterói, para falarem sobre a obra contratada sem licitação.

O contrato foi assinado pelo prefeito Rodrigo Neves com o Consórcio Transoceânico, formado pela Constran, de Pessoa, e pela Carioca Engenharia. Foi utilizado o Regime Diferenciado de Contratações (RDC), criado pela ex-presidente Dilma Roussef para supostamente acelerar as construções para a Copa do Mundo em 2014. O RDC foi aplicado em Niterói com a desculpa de que a Transoceânica era financiada pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), incluído no regime especial.

Em agosto de 2017, o ex-presidente do TCE, Jonas Lopes Júnior, citou em delação premiada na Operação Quinto do Ouro que o prefeito Rodrigo Neves e um dos empresários responsáveis pela construção da Transoceânica participaram de uma negociação para lhe dar uma vantagem indevida de R$ 100 mil, que  repartiu com outros conselheiros do órgão na sala da presidência, a fim de relaxarem a fiscalização da obra em Niterói.

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Gilson Monteiro
Iniciou em A Tribuna, dirigiu a sucursal dos Diários Associados no Estado do Rio, atuou no jornal e na rádio Fluminense; e durante 22 anos assinou uma coluna no Globo Niterói. Segue seu trabalho agora na Coluna Niterói de Verdade, contando com a colaboração de um grupo de profissionais de imprensa que amam e defendem a cidade em que vivem.
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4 thoughts on “Estações da Transoceânica deixam passageiros em pé e sentindo calor

  1. Esse ônibus é um lixo. Só cabem 32 lugares sentados e o corredor é muito estreito. Vai todo mundo em pé igual lata de sardinha. Pra descer no Cafubá é um sufoco. Sério, piorou muito e nem tem tanta vantagem de tempo. O OC2 passa uma vez na vida e outra na morte.
    A prefeitura ainda tem a cara de pau de dizer que esse sistema é uma evolução do BRT. PIADA! O BRT é outra porcaria mais pelo menos os ônibus são articulados e andam o trajeto inteiro em via exclusiva, ao contrário dessa bosta.
    Alguém já viu ônibus andar pra trás? Pois, é! Perde um tempo valioso quando chega na estação Charitas pra fazer um retorno passando em sinais e cruzamentos.
    Pra piorar, destruiu a Fco. Da Cruz Nunes que ficou com retornos muito distantes.

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