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Empresas e governos obrigam cidadão a usar internet

Escrito por Luiz Antonio Mello às 08:09 do dia 2 de fevereiro de 2019
Sobre: Lambança digital
02fev

Em nítido conluio com os governos (federal, estaduais, municipais), visando economia (corte de empregos) e mais lucros, várias empresas estão obrigando o cidadão a entender de internet, mesmo os mais idosos que nunca tiveram contato com as novas tecnologias. 

Alguns bancos comunicam que a partir do mês que vem só conseguirá pagar contas pelo telefone os consumidores que tiverem o aplicativo da instituição ativo em seu celular. Se o consumidor não souber mexer? Dane-se. Se não tiver smartphone porque é caro? Dane-se. Se for idoso? Dane-se. Se nem sabe o que significa aplicativo? Dane-se.

Os governos deixam que essa lambança se espalhe por todos os setores, inclusive os deles. O que muito se ouve por aí é “o senhor vai receber a senha por e-mail”.  Mas o cidadão não tem internet, não tem conhecimento do assunto ou simplesmente não quer ter, o que é um direto. Não pode. Aqui em Terra Brasilis os comandantes só querem saber de deveres e acham que direito é ficção científica.

Um ótimo filme chamado “Eu, Daniel Blake” (2016), de Ken Loach mostra o drama de um idoso cardíaco na Inglaterra que não consegue liberar o auxílio doença porque não sabe mexer na internet. Ele nunca teve computador. Vai diversas vezes a agências da previdência e nada. Chega a recorrer a imigrantes ilegais para tentar socorro, procura todas as alternativas, ansioso, arrasado. O pior que a revoltante história é real. O filme está na Netflix.

As relações entre governos, empresas e cidadãos nunca estiveram tão entregues a esbórnia, estão desumanas e revoltantes. Vamos para um exemplo. Você mora em Pendotiba e trabalha no Centro, onde prefere ter sua conta bancária. Está de férias e chama um profissional que mora no Cafubá para fazer um serviço, por exemplo, na antena de TV. Tudo certo, custou R$ 200,00. Você faz um cheque para ele sacar o dinheiro em qualquer agência do banco que você tem conta. Não pode.

Há dois anos o Banco Central determinou que saque com cheque só pode ser feito na mesma agência do cheque, ou seja, o profissional da antena que mora no Cafubá terá que ir ao centro da cidade e sacar o dinheiro. Como se vivesse na Escandinávia onde não existe a bandidagem que hoje comanda o Estado do Rio.

Por que não há uma revolta coletiva? As pessoas estão cansadas, exauridas, sitiadas por um lado por governos que permitem que empresas façam o que bem entendem com o cidadão e por outro lado pela bandidagem que assalta e mata livremente, sem ser molestada.

Terça-feira as seis da tarde, rua Joaquim Távora foi interditada por causa de um violento tiroteio nas imediações do Morro do Cavalão. Nas favelas mais violentas de Niterói, comandadas pelo tráfico e pelas milícias, nenhum entregador de contas de luz, TV a cabo e similares sobe porque estão proibidos. Os moradores pagam os valores diretamente a eles, bandidos e milícias, que faturam milhões. Os governos sabem disso, mas nada fazem porque…não sei.

Será que um dia daremos uma virada?

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@ Segunda-feira é dia de terror. É a famigerada “volta as aulas”, quando o trânsito na cidade que já é péssimo para. A prefeitura não organiza a necessária parada de carros em frente aos colégios e nem mais guardas nas ruas e avenidas. No quesito imobilidade a prefeitura não faz nada.

@ No calçadão (?) da Praia de Icaraí não cabe mais ninguém. Lotação esgotada. Pedestres, carrinhos de bebê, skate, patins, bicicletas, tudo embolado. Por acaso a prefeitura aventa a remota possibilidade de ampliar aquela pinguela?

@ Uber e 99 estão em guerra e quem ganha somos nós. Disputando o mercado, as duas tem feito ótimas promoções. Uber chega a dar corrida de graça em alguns casos. A conceituada espanhola Cabify, que opera no Rio, avalia se operar em Niterói vale a pena, mas estudos de 2017 informam que a cidade dá prejuízo por causa do caos no trânsito.

@ O que está acontecendo com a Vivo? Sem sinal várias vezes essa semana em Campo Belo (entrada de Itacoatiara) e arredores, na avenida Rui Barbosa, em São Francisco, entre a AABB e o posto BR e em vários pontos de Icaraí. Vivo já foi a melhor em se tratando de sinal.

@ Para que serve aquele trecho de paralelepípedos em São Domingos, da Cantareira até depois do restaurante Mineira. Conhecido como “mata turista” o piso irregular e escorregadio nos dias de chuva é perigoso, inútil e detona a suspensão dos carros. Dizem que é para exibir os trilhos de bonde dos anos 1960 que a prefeitura acha que são históricos.

@ Por menor que seja o preço não compre em sites chineses. É fácil saber. Em geral não tem “fale conosco”, nem localização. Só quando termina a compra a vítima descobre que o frete vai demorar até cinco meses. Se chegar.

@ Aliás, o comércio na internet poderia faturar muito mais não fosse o preço do frete. Em muitos casos sai mais caro do que o produto comprado.

@ Curioso, mas boa parte dos consumidores que preferem comprar na internet já foi destratado no comércio físico. Ou seja, nada a ver com crise econômica. Grosseria gera prejuízo.

@ Registro. Quarta-feira de manhã, o Campo de São Bento estava bem policiado.

@ Bandidos especializados em roubo de celulares partem para violência. Rendem, mandam entregar o celular e se o modelo for daqueles que tem localizador, chamam polícia automaticamente e são quase invioláveis os meliantes batem na vítima, dando preferência a idosos e mulheres. Tem gente andando com um segundo celular, velho, só para entregar a bandidagem.

@ A delegada Raíssa Celles (77ª. DP, Icaraí) vem fazendo um bom trabalho nesses tempos de falta de estrutura, dinheiro e tudo mais. Sem alarde, ela e sua equipe vem desmantelando várias quadrilhas. Dica, Doutora: muitos flanelinhas que atuam no bairro durante o dia trabalham para milícias.

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Luiz Antonio Mello
Jornalista, radialista e escritor, fundador da rádio Fluminense FM (A Maldita). Trabalhou na Rádio e no Jornal do Brasil, no Pasquim, Movimento, Estadão e O Fluminense, além das rádios Manchete e Band News. É consultor e produtor da Rádio Cult FM. Profissional eclético e autor de vários livros sobre a história do rádio e do rock and roll.
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