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Canoa havaiana é a cara de Niterói

Escrito por Luiz Antonio Mello às 07:52 do dia 9 de fevereiro de 2019
Sobre: Esporte sagrado
09fev

As canoas havaianas já são parte da paisagem de Niterói, especialmente no mar de Charitas, São Francisco, Região Oceânica, onde elas deslizam carregando pessoas que decidiram levar uma vida mais saudável. A noite, podemos ver as canoas descansando na areia de Icaraí, São Francisco, Itaipu, prontas para ganhar o mar na manhã seguinte, bem cedo.

Considerada excelente para a navegação, a praia de Itaipu virou um forte polo de canoa havaiana o que pode, inclusive, chamar a atenção das autoridades para reabilitar o lugar, hoje transformado numa baderna urbanística, com casas que despejam esgoto no mar (já há pontos poluídos em Itaipu), superlotação descontrolada nos fins de semana, enfim, terra de ninguém. Como o local está sendo descoberto por muita gente de fora, e redescoberto por niteroienses que sumiram de lá por causa da lambança, quem sabe a canoa havaiana acabe salvando Itaipu?

Mais do que um esporte extremamente saudável, coletivo e divertido, é uma opção existencial, indicada para quem gosta ou precisa de atividade física e relaxamento aliados a contemplação do mar, silêncio, e até oração e meditação, já que os vínculos da canoa com a espiritualidade a tornaram sagrada no Havaí. Para conhecer, aprender a remar desde o zero, navegar, aqui estão as academias da cidade:

https://www.gympass.com/academias/em/rj/Niterói/com-aula-de/canoa-havaiana

Canoa havaiana ou canoa polinésia, são nomes nacionalizados para denominar o esporte, que surgiu na região do triângulo polinésio originalmente conhecido como Va’a, Wa’a ou Waka. Va’a no Taiti; Wa’a no Havaí; Waka na Nova Zelandia. A cultura da canoa existe há mais de 3 mil anos e elas foram inicialmente usadas para colonizar novas terras na região Polinésia, conjunto de ilhas no Oceano Pacífico, entre a Austrália e Estados Unidos, incluindo Havaí e Taití. As canoas são sagradas para os havaianos e, neste esporte, o respeito às tradições é fundamental, sendo conservado os rituais de batismo e nomenclatura. Os havaianos dizem que a canoa faz bem ao espírito e dá sorte aos praticantes que a respeitam, cuidam, cultuam.

Segundo o site “historia.com.br”, na década de 1990, os atletas e empresários Fábio Paiva, de São Paulo, e Ronald Willians, do Rio, se interessaram em trazer e difundir a canoa havaiana no Brasil. Após passagem pelos Estados Unidos, Fábio, Ronald e Fred Perez, investiram na tentativa de trazer a primeira canoa havaiana. Fábio conta que, trazida com recursos próprios por Ronald Willians, chegou ao Brasil avariada e foi necessário conhecer todos os detalhes para montagem e posterior reprodução dentro de todos os padrões sagrados do equipamento. Batizada de Lanakila, a embarcação serviu de molde para iniciar o processo de produção da primeira canoa havaiana brasileira. Hoje, a canoagem havaiana está sendo difundida no Brasil graças ao esforço desses brasileiros.

Com seis tripulantes – cada um com uma função específica – as canoas tem cerca de 14 metros de comprimento e 50 cm de largura, pesam entre 150 e 180 quilos, com três partes em comum: o casco, chamado hull, o flutuador lateral, chamado Ama e os braços que ligam a canoa ao flutuador, chamado Iakos. As V6 são canoas com formato diferente das OC6, assim como a OC6 é diferente das OC6 Unlimited (que são maiores e com mais volume). Muitos no Brasil chamam apenas de V6 por que, a FIV – Federação Internacional de Va’a adotou como oficial.

Niterói tem uma forte e histórica ligação com o mar e uma de suas marcas são as seculares barcas ligando ao Rio. Os esportes aquáticos são parte do cotidiano da cidade, por isso é comum, nos fins de semana, vermos o mar cheio de velas, remos, pranchas, de vários esportes ligados ao mar. Por causa dessa relação siamesa com o oceano, Niterói se destaca no cenário mundial formando campões em iatismo como a família Grael, orgulho da cidade.

Não é à toa que, em tupi guarani, Niterói signifique “água escondida”, caso, por exemplo, das águas calmas do Saco, de Saco de São Francisco, que significa pequena enseada e não bolsa escrotal. Mas a boçalidade se juntou ao moralismo e ceifaram o nome do bairro, que hoje se chama somente São Francisco.  

A cidade foi destaque no remo já a partir dos anos 1930 até o declínio do esporte provocado, principalmente, pela poluição da Baia de Guanabara a partir da segunda metade dos anos 1960.  A água podre da Baia transmitia várias doenças graves, entre elas hepatite, o que afastou os atletas daqui.

Hoje a Baia continua podre, mas houve uma leve melhora a partir da virada para este século 21. Investiram em algumas estações de tratamento de água, fecharam línguas negras, mas quando chove o lixo continua a descer dos morros, os canais (como o da Ary Parreiras) despejam imundície no mar. Para monitorar a as condições de limpeza do mar, a prefeitura criou o “Praia Hoje”. Para conhecer clique aqui: http://geo.Niterói.rj.gov.br/portal/apps/webappviewer/index.html?id=1a4ff69207ea46f5bb93d6a882f7ab8d

O cacique Arariboia (1530-1589), fundador da cidade, era reconhecido como grande remador. A literatura de qualidade informa que ele levava menos de meia hora para remar uma pequena canoa de São Lourenço dos Índios até a Ilha do Governador.

O sucesso da canoa havaiana por aqui reverencia nossos antepassados, valoriza a saúde física, mental e espiritual, une as pessoas que, com a benção do mar, buscam qualidade de vida.

Aloha!

@@@

@ Uber e 99 são um grande avanço, mas há problemas. A maioria dos carros é de outras cidades, em especial São Gonçalo, Maricá e Itaboraí e muitos motoristas não tem a menor noção do que seja Niterói. Perdem-se por aí, param em qualquer lugar, desrespeitam pedestres, invadem ciclovias. Mesmo assim a culpa não é deles, mas da falta de fiscalização da prefeitura.

@ Na chuva de quarta-feira a Enel exibiu seu arsenal de velhos transformadores que, como fogos de festa junina, explodiram por toda a cidade. A situação conseguiu ser pior em Itaipu (30 horas sem luz em alguns lugares) e Icaraí. Aliás, moradores da rua Tavares de Macedo, trecho entre Pereira da Silva e Alvares de Azevedo, não entendem porque vivem sem luz, enquanto no entorno está tudo aceso. A propósito, para reclamar com a Aneel (será que adianta?) é só clicar aqui: http://www.aneel.gov.br/como-registrar-a-sua-reclamacao

@ Em seis meses, três grandes lojas de venda e manutenção de bicicletas foram inauguradas em Icaraí. Sinal de que o cidadão quer mesmo deixar o carro em casa. Pena que as ciclovias da prefeitura estão sem sinalização, com buracos e constantemente invadidas.

@ Os motoboys se apossaram de vez das calçadas da cidade. Andam por elas em alta velocidade alheios aos gritos dos pedestres. A guarda municipal nada vê.

@ E o Cinema Icaraí? Vai permanecer abandonado eternamente?

 

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Luiz Antonio Mello
Jornalista, radialista e escritor, fundador da rádio Fluminense FM (A Maldita). Trabalhou na Rádio e no Jornal do Brasil, no Pasquim, Movimento, Estadão e O Fluminense, além das rádios Manchete e Band News. É consultor e produtor da Rádio Cult FM. Profissional eclético e autor de vários livros sobre a história do rádio e do rock and roll.
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3 thoughts on “Canoa havaiana é a cara de Niterói

  1. Nada haver. Mas é uma vergonha e falta de respeito a concessionária das barcas manter o intervalo de 1 hora nas viagens aos domingos .
    O contrato é feito para servir o consumidor e não ao contrário.
    Uma vergonha! Pobre dos habitantes desse estado.
    Estamos entregues ao descaso e falta de respeito ao contribuinte.
    Essa concessionária das barcas a muito deveria ser destituída.
    Falta respeito e vergonha. Só bandidos!!!

  2. Grande Toni, sou suspeito para comentar suas materias, afinal, como julgar com isenção se somos irmãos? É como julgar em causa própria. Adorei a materia das canoas e sobre a falta de luz, fiquei preso no apartarmento de minga irmã, na Moreira Cesar, 165, 16° andar, sem energia, mais ou menos das 21 horas até as 9 do outro dia. Com a minha cardiopatia, sem chances de usar escadas, acho que fui aprisionado por gostar de visit aar Niterói.

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